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Leite - 30/09/2015 - Um olhar sobre a produção leiteira de Nova Candelária


No município, a produção anual de leite no ano de 2014 ultrapassou o número de vinte e dois milhões

O leite e seus derivados representam uma das principais fontes de proteína e cálcio na dieta da população brasileira. Além de sua importância econômica e social, a atividade leiteira caracteriza-se por ser grande geradora de emprego, renda e tributos, contribuindo para a permanência do homem no campo.

 

Em Nova Candelária, 330 agricultores investem na produção leiteira e contam com o apoio do programa de incentivo à bacia leiteira, da Administração Municipal, por meio da Secretaria da Agricultura. O programa com suas ações de incentivo à produção leiteira, estabelecidas por lei, aumentou a produtividade dos últimos cinco anos em 60,44%, por meio de melhorias e instalações com isenção de taxas municipais; oferta de serviços de terraplanagem gratuita; fornecimento gratuito de sêmen bovino; atendimento veterinário e agronômico; programa de compra de sementes forrageiras; entrega de 148 máquinas para os produtores, em forma de comodato; capacitação dos produtores, entre outras ações.

 

Destes agricultores, alguns produzem em grande escala, outros em proporções menores, de forma comercial, com trabalho familiar, etc. Todos estes, juntos, produziram no ano de 2014, 22.584.687 litros de leite, uma grande quantidade para um município deste porte. Grande parte deste resultado deve-se ao empenho dos produtores em prestar um serviço de qualidade.

 

Na propriedade do Sr. Vanderlei Wille, (44), o trabalho é feito por ele, pela esposa Tânia (39), e pelos dois empregados. Às sete horas da manhã inicia a ordenha dos 52 animais que levam em média duas horas para serem ordenhados. O processo resulta em uma produção média de 22 litros de leite por dia e 32.000 litros de leite ao mês.

 

No ano de 1994, o plantel da propriedade produzia oito litros de leite por dia.  A produção foi aumentando conforme os investimentos e trabalhos realizados. Com mais um emprego, fora da propriedade, o agricultor viu-se obrigado a optar por apenas um ofício, devido ao aumento de serviço. “Sempre quis crescer na atividade, aí decidi largar o outro emprego e crescer aqui”, comenta Vanderlei.

 

Com o auxílio de programas como o “Mais Alimentos”, a produção expandiu. Os financiamentos e a facilidade para investir na produção motivou o agricultor a avançar sempre mais.

 

Hoje, a atividade não se limita apenas à produção leiteira. Há alguns anos Vanderlei investiu na suinocultura e conta com estrutura para criação de 440 suínos. Os 9,5 hectares de terra que tinha no início também aumentaram para 42ha, assim como a estrutura física de sua propriedade, com galpões bem equipados para facilitar o trabalho.

 

Há cinco anos, outro processo de modernização melhorou a qualidade do leite produzido pela família. Uma sala de ordenha foi construída para que o trabalho fosse realizado com maior facilidade, higiene e rapidez. Antes de entrar na sala de ordenha, os animais ainda tem um galpão de espera, onde podem aguardar confortavelmente até a hora da ordenha, fator que contribui para o aumento da produção, já que o animal se estressa em condições desfavoráveis à ele.

 

A alimentação é pontual e balanceada. Além da silagem e da ração, Vanderlei trata os animais com sal mineral misturado com produtos preventivos que combatem diversas doenças nos bovinos. O produtor ressalta que sempre aceitou ajuda e conselhos de pessoas do ramo e sempre participou dos encontros e eventos realizados pela Secretaria da Agricultura: “acho que um dos segredos é você aceitar opiniões e compartilhar experiências vividas no campo”.

 

Vanderlei recebe apoio da Administração Municipal para isso. Segundo ele, “a prefeitura tem que ajudar, mas o produtor tem que querer colocar em prática o apoio que lhe é dado”. Em sua propriedade, o maquinário da Secretaria de Obras e viação realizou serviços de terraplanagem e cascalhamento do pátio, e a patrulha agrícola da Secretaria da Agricultura, com 148 máquinas, auxilia nos serviços em que o produtor não tem o maquinário e mão de obra suficiente.

 

Com dois filhos, o casal planeja trabalhar mais uns dez anos na atividade. Um dos filhos, de 15 anos, diz que pretende permanecer na propriedade e dar continuidade ao trabalho dos pais. Em meio à conversa, Vanderlei comenta: “As vezes a gente acorda um pouco desanimado, mas aí quando eu saio pra trabalhar e olho ao meu redor, vejo tudo o que já conquistei e me reanimo. Querer crescer me faz buscar alternativas e novas ideias.”

 

Falando em “querer crescer”, no mês de julho deste ano, Vanderlei fez um curso de inseminação artificial, em Porto Alegre. Este aprendizado possibilita a inseminação nos animais com custos reduzidos, feita pelo próprio agricultor na propriedade.

 

A meta da Família Wille é aumentar a média de produção e melhorar o plantel atual. “Eu posso resumir essa tarefa em três palavras: coragem, trabalho e amor. Coragem para ir atrás de oportunidades e investimentos; trabalho para não desanimar da lida e amor para fazer as coisas com carinho, com vontade”. O produtor ainda acrescenta: “Eu amo o que faço, eu não trocaria isso por nada”.

 

Entrevistamos também outro produtor de leite do município, este, com um fato bem curioso para a nossa região: uma das vacas do rebanho produz até 64 litros de leite ao dia. O dono da propriedade é Junior Grings, (34) e sua esposa, Janete Grings (41). Os dois são técnicos agropecuários, se conheceram no Colégio Agrícola, e se formaram juntos, no ano de 2001.

 

Em 2010 assumiram a propriedade dos pais de Janete, em São Miguel do Reúno, interior de Nova Candelária. Os investimentos feitos nas mais diversas áreas da produção leiteira, resultam hoje em uma produção média de até 30,4 litros de leite por vaca, ao dia.

 

Por mês, são produzidos mais de 25.500 litros de leite que geram retorno para Junior investir em maquinário, estrutura física e animais. Para ele, investimentos são metas a serem cumpridas, e que irão gerar resultados positivos na propriedade. De alguns anos pra cá foi construída a sala de ordenha que facilitou o serviço e impulsionou a família a buscar novas tecnologias.

 

A pastagem localizada próxima à residência da família é admirável. Uma área com fileiras de eucaliptos proporciona sombra aos animais que ali se alimentam da vegetação formada por grama tifton. O bem estar animal é complementado com os cuidados no manejo, destacado por Junior como um dos principais fatores para a boa produção. A alimentação é balanceada conforme a produção/nutrição do animal.

 

O trabalho realizado pela Secretaria da Agricultura também é citado pelo agricultor: assistência técnica, aquisição de mudas de eucalipto, curvas de nível feitas pela Emater e Secretaria de Obras e Viação, terraplanagem e acesso à propriedade, inseminação artificial, entre outros.

 

Ao contrário do que muitas pessoas pensam, hoje em dia, o agricultor não está mais desatualizado. As novas tecnologias não só proporcionam momentos de lazer, mas também auxiliam no trabalho. Há algum tempo, Junior investiu na implantação de um sistema de medição e extração eletrônica na sala de ordenha. Ali, por meio do sistema eletrônico é informada a quantidade de litros de leite que cada animal produz, a temperatura e outras informações do produto. Por exemplo, uma deficiência pode ser detectada pelo sistema, uma vez que muitas doenças não são perceptíveis à “olho nu”. Desta forma, o sistema avisa o produtor que tem algo errado com o animal.

 

A propriedade bem organizada foi projetada por ele. Junior e a esposa sempre estiveram envolvidos com os eventos realizados pela Secretaria da Agricultura, Emater, Sindicato dos Trabalhadores Rurais e outros. O Secretário da Agricultura, Jorge Steiger, destaca que a família sempre está presente nos eventos, em busca de atualizações, orientações e novas tecnologias para serem aplicadas na propriedade.

 

Um dos planos futuros da família é a instalação de um compost barn, um modelo de instalação que visa o máximo conforto e bem estar dos animais e, consequentemente, o aumento dos níveis de produtividade. Este sistema consiste em uma grande área coberta de descanso para vacas leiteiras, geralmente revestida com uma “cama” de serragem, e seu princípio básico de funcionamento é a compostagem desta cama. O principal objetivo é proporcionar aos animais um local confortável e seco durante todo o ano, livrando os mesmos do stress térmico, causado por altas e baixas temperaturas.

 

Junior Grings diz que sempre gostou de trabalhar com este ramo que está sempre se atualizando. Para ele: “é importante a gente não parar no tempo, se atualizar sempre. Eu sou muito aberto para novas alternativas, sei que um profissional não estuda em vão durante anos para desenvolver novas tecnologias e levar elas até os agricultores”.

Assessoria de Imprensa – P. M. Nova Candelária

Postado: Clécio Marcos Bender Ruver
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