Tricolor bateu o Flamengo de Ronaldinho e Inter venceu fora de casa e se aproximou do G5
Olímpico lotado vaiou ex-ídolo, viu o time em apuros, mas foi ao delírio com virada no segundo tempo
Lucas Rizzatti
lucas.rizzatti@zerohora.com.br
Na tarde de domingo marcado pelo reencontro de Ronaldinho com o Olímpico, o Grêmio devolveu em campo a década de mágoas sobre seu ex-ídolo. Depois de ver R10 passear no primeiro tempo, o time de Celso Roth voltou outro para a etapa final e tirou a diferença de 2 a 0 do Flamengo. Virou para impensáveis 4 a 2, numa sequência de golaços, de André Lima (2), Douglas e Miralles. Deivid e Thiago Neves marcaram os gols flamenguistas.
O resultado desta 32ª rodada deixa o Grêmio com 46 pontos, na nona colocação do Brasileirão, a apenas seis pontos do quinto colocado, o próprio Flamengo, quinto lugar, com 52 pontos. O próximo desafio tricolor é diante do Atlético-MG, no sábado, fora de casa.
O acerto de contas
Às 15h55min, Ronaldinho voltou a pisar no gramado do Olímpico 10 anos depois de sua tumultuada despedida rumo ao PSG, da França. A prometida vaia saiu da boca dos 40 mil torcedores com um rancor do tamanho do estádio. Não aos gritos, mas aos urros, os gremistas cuspiram "pilantra, pilantra", por pelo menos dois longos minutos. O Hino Nacional virou um quase inaudível pano de fundo. Ouviam-se apenas os apupos. O fantasma Ronaldinho, enfim, estava sendo exorcizado.
Foto: Ricardo Duarte
Mas Ronaldinho se mostrou indiferente ao banho de vaias. Parecia que não ainda não havia tirado os fones de ouvido com os quais descera do ônibus flamenguista, pouco antes das 15h. Alheio ao ambiente hostil, no primeiro toque na bola, a 1 minutos e 53 segundos de partida, já aplicou um passe de calcanhar. A vaia desfilou pelas galerias do Olímpico. Mas não esbarrou em Ronaldinho. Aos 3 minutos, cobrou falta no travessão de Victor.
Coube ao camisa 10 do Grêmio dar a resposta. Douglas acertou um belo chute, espalmado por Felipe. Apesar da insistência tricolor, o talento estava do outro lado. Pelos pés de Ronaldinho, a bola saía fresca, escorreita. Fácil. Aos oito minutos, deu de calcanhar. Aos 11, deixou Deivid na cara de Victor. O camisa 9 desperdiçou. Saimon, 20 anos, zagueiro criado na Azenha, incorporou o ranço das arquibancadas. Seguiu Ronaldinho em cada palmo de campo, às vezes de maneira atabalhoada. Já estava amarelado aos 16 minutos - e prestes a ser expulso. Foi driblado e ultrapassado pelo R10 durante todos os primeiros 45 minutos.
Ronaldinho assombra Saimon
Por ironia, foi o experiente Gilberto Silva que falhou na saída de bola. Deivid ofereceu a bola a Ronaldinho, que driblou Fernando com um tapa e só não marcou porque o próprio Gilberto, aos 35 anos, resgatou, não se sabe de onde, forças para impedir o sucesso do desafeto da tarde. O desarme virou gol para os 45 mil gremistas.
A comemoração parou por aí. Até porque desarme não ganha jogo. Futebol, sim. Quem colocou a bola na rede foi o Flamengo e seus habilidosos jogadores. Aos 23, Thiago Neves lançou Deivid, que, após falha de Rafael Marques, só desviou de Victor: 1 a 0. O gol abateu o Grêmio e sua torcida, que pareciam apenas motivado pela birra com Ronaldinho. Aos 31, Deivid chegou a driblar Victor, mas perdeu o ângulo. Quatro minutos depois, no entanto, o 2 a 0, justo termômetro da superioridade flamenguista. A bola cirundou toda a área gremista até chegar ao pé de Thiago Neves. Chute seco, desvio em Fernando e decepção no Olímpico.
Foto: Ricardo Duarte
Acuada, a torcida enfraqueceu os apupos a seu algoz. Já não era sem tempo. Afinal, mais do que uma rixa, havia um jogo a ser vencido. Chegou a pedir Miralles, opção no banco, mas viu André Lima descontar. O centroavante recebeu a bola de Mário Fernandes, girou e chutou cruzado: belo gol e esperança na reação. A tentativa do empate cessou com o fim do primeiro tempo. Espaço perfeito para uma nova avalanche de vaias e gritos a Ronaldinho na saída do campo: "pilantra, pilantra".
Ali, o resultado era o que menos importava. E Ronaldinho? Melhor em campo e avalista do 2 a 1, ele só queria jogo.
- Só falo no final - limitou-se a dizer o camisa 10, enquanto cumprimentava Fogão, um antigo, quase histórico, funcionário do Grêmio.
Grêmio renasce e encanta
O exasperado Saimon nem subiu do vestiário. Adilson entrou em seu lugar, Gilberto Silva virou zagueiro. A tentativa de poupar um amarelado, no entanto, não funcionou. O volante levou cartão logo aos quatro minutos, após sair à caça de Tomás. Enquanto isso, Ronaldinho seguia solto. Atreveu-se até a ensaiar a famosa jogada, de olhar para um lado, passar para o outro.
Foto: Diego Vara
Mas só ensaiou. Perdeu a bola e viu, de longe, André Lima encarnar a genialidade de um R10. O camisa 99 aplicou uma caneta em Renato e finalizou com categoria. A bola morreu no canto de Felipe. Golaço, empate e confiança retomada. O Grêmio deixava de ser um poço de ressentimento para voltar a pensar como um time em busca da vitória.
A partir daí, só deu Grêmio. Antes muito recuado e preocupado com Ronaldinho, Mário Fernandes foi mais à frente. As jogadas mais perigosas tinhas a sua assinatura. A torcida jogava junto. Lembrou-se de chamar Ronaldinho de "pilantra" apenas aos 25 minutos. Logo depois, o Grêmio conseguiu traduzir em chances de gol a superioridade do segundo tempo. Douglas deixou Escudero só, na frente de Felipe. O argentino se atrapalhou, chutou sobre o goleiro. No rebote, errou também.
Aos 34, não teve jeito. Se os companheiros não convertem, Douglas resolve. Recolheu a bola no bico da área e jogou-a no cantinho: belo gol e virada, 3 a 2. O resultado, já imponente por si só, ganhou outro sabor com o amarelo que Ronaldinho levou após o gol. A torcida foi ao delírio.
Miralles, que havia entrado pouco antes da virada, enfim, mostrou a que veio. Arriscou de fora da área e acertou o ângulo: golaço, capaz inclusive de fazer a torcida esquecer Ronaldinho e pensar apenas no Grêmio. Afinal, o time de Roth merece todas as atenções.
> Ficha técnica
GRÊMIO (4)
Victor, Mário Fernandes, Saimon (Edílson), Rafael Marques, Julio Cesar; Gilberto Silva, Fernando, Marquinhos, Douglas, Escudero Mirales), André Lima. Técnico Celso Roth.
FLAMENGO (2)
Felipe, Léo Moura, Welinton, Alex Silva e Junior Cesar; Aírton, Renato, Thomás (Muralha), Thiago Neves e Ronaldinho; Deivid (Diego Maurício). Técnico Wanderley Luxemburgo.
Estádio: Olímpico, Porto Alegre
Data: 30/10/2011 - 16h (de Brasília)
Árbitro: Evandro Rogério Roman (Fifa)
Cartões amarelos: Junior Cesar 14'/1ºT, Saimon (17'/1ºT), Douglas (43'/1ºT), Adílson (4'/2ºT), Fernando (13'/2ºT)
Cartões vermelhos:
Gols: Deivid (23'/1ºT), Thiago Neves (35'/1ºT), André Lima (43'/1ºT e 5'/2ºT), Douglas (35'/2ºT), Miralles (39'/2ºT)
Diego Guichard | diego.guichard@zerohora.com.br
Se ficou a frustração no empate em 1 a 1 contra o Corinthians, o Inter conseguiu buscar os pontos fora de casa. Venceu o Atlético-GO por 1 a 0, na noite deste domingo e encostou de vez no G5, com um ponto a menos que o quinto colocado. O time goiano não era derrotado no Serra Dourada há oito rodadas.
Com a vitória, O Inter ficou na sexta colocação, com 51 pontos. E no próximo domingo, o adversário será justamente o quinto colocado. Inter e Fluminense farão uma verdadeira decisão por vaga direta na Libertadores.
A partida marcou o retorno de Leandro Damião. O centroavante aguentou até os 45 min do segundo tempo. Mas quem marcou o gol da vitória foi Kleber, em lance treinado por Dorival Júnior durante a semana.
Primeiro tempo equilibrado
Ansioso, Leandro Damião exagerou na força. Com menos de dois minutos em campo, já tinha recebido o amarelo. Cometeu falta dura em Rafael Cruz.
Coma bola rolando, o centroavante colorado pouco participou da primeira etapa. Isso porque esteve isolado a maior parte do tempo. Reclamou. Chegou até a pedir aproximação maior de Oscar.
Damião teve somente uma chance nos primeiros 45 minutos. Foi aos 41, em jogada característica. Subiu mais alto que a defesa e testou para baixo, como “manda o figurino”. Márcio defendeu com os pés. No lance seguinte, Oscar recebeu na entrada da área e desferiu um potente chute. Ágil, o camisa 1 voou no conto direito e conseguiu espalmar. O rebote ainda ficou para Tinga, mas em impedimento bem assinalado.
Mas a verdade é que o Atlético-GO imprimiu muita dificuldade ao Inter, que não conseguia reter a bola, mesmo com cinco no meio-campo. Com um bom toque de bola, conseguiu envolver o time gaúcho e boa parte da primeira etapa. Só não abriu o placar graças a Muriel.
Aos 14 minutos, Ancelmo surgiu livre na área e chutou cruzado, para excelente intervenção de Muriel. Quase como um replay, Ancelmo voltou a ter chance semelhante. Aproveitou boa jogada tramada pelo ataque, mas, desta vez, bateu mascado, sem força. E o goleiro colorado não encontrou dificuldades para defender.
Um dos motivos que fez Tinga perder a titularidade foram erros ofensivos. E novamente os repetiu na tarde deste domingo. Teve oportunidade claríssima de marcar. Recebeu um daqueles cruzamentos com “as mãos” de Kleber. O camisa 7 surgiu entre os marcadores e cabeceou para fora. Andrezinho, de fora da área, ainda tentou surpreender o goleiro adversário e acertou o travessão.
Inter segura e dá bote certeiro
Para a volta do segundo tempo, o Atlético-GO se lançou todo ao ataque. Trocava passes pelos arredores da grande área de Muriel, mas não conseguia aproximação com o gol. Por outro lado, a ineficiência ofensiva da equipe goiana acabou servindo de punição.
Com Sandro Silva no time, o Inter ganha maior consistência defensiva. Nessa linha de pensamento, Dorival pediu insistentemente na semana que Kleber se aproximasse ao ataque pelo meio, não só na linha de fundo. Foi o que aconteceu. Em jogada de visão, Oscar viu a chegada do lateral. Kleber bateu cruzado, rasteiro. Márcio ainda tocou na bola, mas não conseguiu evitar o 1 a 0.
Com a moral de ter aberto o placar, o Inter ganhou confiança. Por detalhe, não ampliou com Bolatti. Nos seus 1,90cm de altura, levou vantagem sobre a defesa e desviou de cabeça. Márcio salvou. Andrezinho e João Paulo, que substituiu Tinga, também arriscaram com chutes de fora da área.
O Inter controlou a partida até os minutos finais. Mas o gol de empate esteve nos pés de Marcão, substituto de Ancelmo. Aos 48, recebeu cruzamento rasteiro e, quase na pequena érea, disparou por cima. Foi o último lance lúcido da partida.
CLICESPORTES
Postado: Clécio Marcos Bender Ruver
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