AGU usou fotos e publicações como provas para afirmar que a segurada não era doente
Postar momentos íntimos e fazer confissões em redes sociais não são uma boa ideia. Uma mulher que recebia auxílio-doença por depressão perdeu o benefício do INSS depois que publicou fotos felizes com legendas que reforçavam o seu "estado de espírito" no Facebook.
"Não estou me aguentando de tanta felicidade", escreveu ela abaixo das imagens que aparece entre cachoeiras.
O conteúdo foi utilizado como prova pela Advocacia-Geral da União (AGU) para afirmar que a segurada não estava incapacitada por quadro depressivo grave e que poderia retornar ao trabalho.
Um perito concedeu atestado à mulher em novembro de 2013, declarando que ela era incapaz de trabalhar temporariamente. O quadro foi confirmado por outro médico cinco meses depois.
Segundo a AGU, a Procuradoria Seccional Federal (PSF) em Ribeirão Preto (SP) demonstrou, com a ajuda de postagens e fotos no Facebook, que o estado de saúde da segurada não coincidia com os sintomas de portadores de depressão grave.
Os procuradores explicaram que quem tem depressão apresenta "humor triste, perda do interesse e prazer nas atividades cotidianas, sendo comum uma sensação de fadiga aumentada".
Mais duas frases publicadas no Facebook foram usadas no tribunal: "Se sentindo animada" e "Obrigada senhor, este ano está sendo mais que maravilhoso".
Diante das provas, o mesmo perito, não identificado pela AGU, reviu o laudo médico.
— Entendemos que uma pessoa com um quadro depressivo grave não apresentaria condições psíquicas para realizar passeios, emitir frases de otimismo, entre outros. Portanto, consideramos que a paciente apresentou cessada sua incapacidade após o exame pericial — declarou.
* Diário Gaúcho
Postado: Leila Ruver
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