Musculação na adolescência
Nos últimos tempos, as academia têm, entre seus frequentadores, boa parte do público adolescente. São jovens entre 12 e 16 anos que buscam o mesmo objetivo: ganhar músculos rapidamente a ter um abdômen sarado. Mas será que na ânsia de querer resultados rápidos não estão cometendo exageros e correndo riscos? A adolescência é um período de grandes transformações físicas e de comportamento, onde os jovens passam a buscar autoafirmação e “status” perante os demais. Como os padrões de beleza atuais muitas vezes associam um corpo musculoso ou super definido a esse sucesso, é natural que os “tens” procurem uma academia em idades cada vez mais precoces.
Se isso traz algum problema? A musculação em si não traz nenhum prejuízo e aquela história de que pode afetar o desenvolvimento da altura do indivíduo não tem nenhuma comprovação científica. Já os benefícios são muitos pois é uma atividade sem impacto, onde os movimentos são realizados de forma anatômica, portanto, o risco de lesões é muito menor do que em outras práticas desportivas mais comuns. Além disso, o fortalecimento da musculatura vai prevenir a ocorrência de lesões nas outras atividades praticadas. Na adolescência, quando já há maturação sexual, os níveis dos hormônios anabólicos estão naturalmente elevados, portanto, o treinamento com pesos nessa fase vai produzir resultados mais rapidamente.
No entanto, é preciso respeitar a individualidade de cada um, já que, existem adolescentes que em determinada idade já tem maturação sexual, enquanto outro com a mesma idade ainda não atingiu o mesmo desenvolvimento e pode se prejudicar com a prática da musculação, caso exceda na carga, por exemplo. Se a criança ainda não atingiu um grau de maturação necessário para suportar altas cargas, é preciso ficar atento com a prática da musculação. Neste caso, ele ainda não tem a produção de hormônios anabólicos e certamente não terá ganhos suficientes nessa fase. Além de não conseguir resultados, se a musculação for mal executada ele pode ter problemas em cartilagens, ossos e ligamentos, por exemplo, e acabar se machucando. Vale lembrar que a regra também funciona para as meninas. Aquelas que ainda não tiveram a primeira menstruação devem ter cuidado com altas cargas, pois o organismo ainda não está preparado para suportar pesos elevados. Recomenda-se quando a criança ainda não se desenvolveu totalmente, adiar a prática da musculação e focar no ensino do gesto motor. Exercícios com baixas cargas podem ser benéficos, mas atividades como corrida, dança, natação, bicicleta, jogos com bola, entre outras, são fundamentais para aqueles que tenham uma vivência motora melhor e interajam com outras pessoas da mesma idade, ajudando assim no desenvolvimento como pessoa também.
Embora algumas dicas como a observação da maturação sexual de cada criança seja um ponto de partida para saber se é ou não a hora de praticar musculação, o ideal mesmo é procurar ajuda de um profissional. Tendo o aval do médico, a musculação pode ser benéfica para o público adolescente ávido por massa muscular. No entanto, é fundamental a supervisão do educador físico para que os movimentos sejam realizados de forma correta evitando lesões. Um estudo recente avaliou mais de 3.700 crianças e adolescentes em idade escolar, mostrando que aqueles que praticavam atividades físicas 4 vezes por semana ou mais, tinham melhor desempenho acadêmico e menor índice de problemas de comportamento. Portanto, a musculação pode produzir benefícios que vão além da mudança corporal. Acrescenta-se que após as devidas orientações profissionais, a musculação deve ser incentivada como atividade física, como estilo de vida saudável, como forma de melhor integrar o adolescente ao seu meio e assim colaborar para o desenvolvimento global do indivíduo.
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