Notícia

Leite - 22/02/2011 - Mais leite no copo


Terceiro maior produtor nacional de leite, Paraná garante colocação com trabalho de pequenos produtores rurais

 

Terceiro maior produtor nacional de leite, Paraná garante colocação com trabalho de pequenos produtores rurais; diversificação ainda é desafio

 

O Paraná é o terceiro maior produtor de leite do País. Em 2009, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Estado produziu 3,3 bilhões de litros. Em 2010, houve um crescimento de 18% na produção em relação a 2008/2009. Segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) e pelo Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), os laticínios paranaenses processam, em média, 141,5 milhões de litros de leite por mês, o que totaliza 1,7 bilhão de litros por ano.



O levantamento, realizado no final do ano passado, revela o perfil da atividade industrial do leite no Paraná. Dos 314 laticínios oficiais existentes no Estado, 301 responderam a pesquisa, o que representa 83% do volume de leite processado. ''Verificamos que apenas 14 empresas processam 50% do leite produzido no Estado'', declara Marisa Sugamosto, pesquisadora do Ipardes. Segundo ela, essa concentração não interfere no preço do leite, pois ele é regulado pelo Conseleite.

 

A pesquisa ainda apontou que o maior número de laticínios (169) está localizado nas regiões Sudoeste, Norte Central e Oeste do Estado, onde há grande produção de leite. A região Oeste sozinha é responsável por 29% do volume total de leite processado. Em relação a qualidade do produto, verificou-se que 99% da coleta e do transporte do leite, da produção até a indústria, já é feita a granel, em ambiente refrigerado. ''Esse é um grande avanço, principalmente se compararmos com outros Estados. Muito disso se deve aos programas de Qualidade do Leite e Leite das Crianças'', explica.



O Paraná é auto suficiente na produção de leite, mas ainda há transferência do produto in natura para outros estados e a comercialização no mercado spot (leilão entre indústrias compradoras). ''É preciso superar a ociosidade por meio da diversificação da produção'', avalia Marisa. Mais de 40% das unidades pesquisadas produzem apenas um tipo de queijo e leite pasteurizado. ''Se os laticínios paranaenses não investirem em tecnologia para contemplar mais produtos lácteos, o nosso leite vai continuar passando para outros Estados'', argumenta.

 

A indústria paranaense possuía, em 2009, capacidade instalada para processar 3 bilhões de litros/ano. Segundo Marisa Sugamosto, isso significa uma capacidade ociosa de 43,3%, em média. Do leite processado pelos laticínios, 53,5% é destinado a produção de queijo, 10,5% para leite pasteurizado, 9,7% para leite UHT, 3% para leite em pó e 23,3% para outros tipos de mercadorias.

 

O setor de processamento do leite emprega 6.320 pessoas no Paraná, sendo que nos micros e pequenos laticínios a mão de obra é basicamente familiar (87%). ''É uma cadeia muito importante no Estado, que vem se desenvolvendo e crescendo, tanto em quantidade quanto em qualidade'', avalia Lourival Uhlig, médico veterinário da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab). (Folha de Londrina/PR)

 

Negócio feito em família

http://www.bonde.com.br/t.gif

http://www.bonde.com.br/t.gif

No total, o Paraná possui 118 mil produtores de leite, segundo a Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento (Seab). O casal de produtores, Leonice Dias e Lázaro Bueno Rodrigues - conhecido como Lazinho - representa a maior parte dos produtoras de leite do Estado: pequenas propriedades familiares. Em sua propriedade de 5,81 hectares localizada no município de Abatiá, o casal produz leite, alfalfa e café. Cada cultura corresponde a cerca de 30% do rendimento da família.

 

''Agora estou com seis vacas produzindo. Conseguimos um volume de 70 litros de leite por dia'', relata Lazinho. Há quase cinco anos, a propriedade é atendida pela assistência técnica do Projeto Redes de Referência, um trabalho desenvolvido em parceria entre o Instituto Emater e o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar). Segundo o engenheiro agrônomo da Emater, Ciro Marcolini, as vacas produzem por oito meses consecutivos durante o ano e a produção pode chegar a 120 litros por dia, dependendo da época.

Ciro informa que a média regional de produção é de 800 litros de leite por hectare, mas a propriedade de Lazinho e Leonice produz, em média, 6 mil litros por hectare. O agrônomo explica que esse bom resultado deve-se ao uso de pastagens de qualidade, adubação e rotação de pastagens, além do emprego do sistema silvipastoril, com plantio de eucaliptos. O agricultor alimenta o gado com ração e com a produção própria de alfalfa. Lazinho ordenha as vacas duas vezes por dia e cerca de quatro litros são consumidos pelos bezerros diariamente.



Para adquirir formação técnica, o casal realizou vários cursos ofertados pela Emater e pelo Senar. Ao adquirir a propriedade e iniciar a produção, o casal precisou de um financiamento do Banco da Terra, um programa federal que posteriormente foi substituído pelo Crédito Fundiário. ''Com a verba eu plantei café e comprei as primeras vacas'', lembra Lazinho. O Banco da Terra loteou uma fazenda em 56 lotes, sendo que um deles pertence a Lazinho e Leonice. Atualmente oito dos agricultores que integram o grupo de financiados pelo Banco da Terra depositam o leite produzido em dois refriadores instalados na comunidade.

 

Lazinho e Leonice vendem o leite para um laticínio da Confepar, que busca o produto no resfriador comunitário a cada dois dias. Além disso, o casal também vende uma pequena parcela do leite direto para a comunidade onde mora e produz queijos e doces de leite para vender na feira. ''Por semana, faço mais ou menos oito queijos, usando 25 litros de leite. A maioria é por encomenda'', conta Leonice.(M.F.)

http://www.bonde.com.br/t.gif

 

Captação fecha com aumento de 5%

http://www.bonde.com.br/t.gif

http://www.bonde.com.br/t.gif

 

O Índice de Captação de Leite calculado (ICAP-Leite) pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura (Esalq/USP) fechou 2010 com aumento de 3,05% em relação a 2009. Para a análise são apurados, por amostragem, os volumes médios diários de captação nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Bahia. De acordo com a pesquisadora do Cepea, Aline Barrozo, no Paraná houve um aumento de quase 5% em relação a captação de 2009.



''Como o índice apresenta aumento no volume de leite captado junto aos produtores, pode-se afirmar que houve aumento na produção'', explica Aline. Em dezembro do ano passado, o ICAP-Leite aumentou apenas 0,4% frente a novembro na média nacional. No Paraná, houve uma pequena redução, menor que 1%.

 

Segundo levantamento do Cepea, as adversidades climáticas continuaram limitando a oferta de leite em algumas regiões no mês de janeiro. No sul do Rio Grande do Sul, a seca afetou as pastagens e, com isso, a captação de leite. No Sudeste, em algumas regiões, as chuvas em excesso dificultaram o transporte do leite. (M.F.)

 

Preços devem se manter estáveis

http://www.bonde.com.br/t.gif

http://www.bonde.com.br/t.gif

 

Segundo dados do Cepea, em janeiro, o preço médio pago pelo leite aos produtores teve leve aumento de 1,2% (0,9 centavo por litro) frente a dezembro de 2010, indo para R$ 0,7294/litro (valor bruto). Em relação a janeiro do ano passado, o valor atual apresenta valorização nominal de 22%. No Paraná, em janeiro deste ano, houve alta de 1,1% (0,8 centavo por litro), com média de R$ 0,7553/litro. A expectativa do Cepea é de que, com o mercado firme, deve ser mantida estabilidade de preços.



O produtor Lázaro Bueno Rodrigues, de Abatiá, vende o litro de leite por R$ 0,56. Segundo ele, no ano passado, durante a entressafra, o valor chegou a R$ 0,70. Os queijos produzidos por Leonice, esposa de Lazinho, são comercializados, em média, por R$ 6, mas o preço varia conforme o tamanho da peça.

 

De acordo com o agrônomo do Emater, Ciro Marcolini, a última média de custo anual na propriedade de Lazinho foi de R$ 0,34 por litro. Marcolini explica que 10% do custo deve-se aos medicamentos e, deste total, 70% é destinado a medicamentos contra a mastite, a principal doença que atinge o gado de leite.

 

Qualidade

O Paraná possui apenas um laboratório integrante da Rede Brasileira de Qualidade de Leite. Localizado em Curitiba, o laboratório realiza a análise de 120 mil amostras de leite por mês. ''Fazemos a análise do leite de dentro da porteira'', explica Altair Antonio Valloto, superintendente da Associação Paranaense de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa (APCBRH). É verificado, a pedido das indústrias que processam o leite, se o produto atende às exigências de qualidade determinadas pela Instrução Normativa 51, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

 

De acordo com Valloto, o leite paranaense possui uma qualidade muito boa. Ele explica que existem três padrões de qualidade do leite: os que se referem ao percentual de gordura e de proteína no leite, os de higiene e resfriamento - avaliado por meio da contagem de bactérias -, e os padrões de saúde da vaca - avaliado pela contagem de células somáticas. ''Em termos de proteína, 92% das amostras que recebemos estão de acordo com a Instrução Normativa 51'', avalia. Além disso, 88% das amostras analisadas estão de acordo com as exigências quanto ao nível de gordura no leite. ''Precisamos apenas melhorar os índices de contagem de células somáticas e de bactérias, que estão acima do que gostaríamos'', comenta.(M.F.)

 

 

Fonte: Folha de Londrina

Postado: Leomar Martinelli
Vídeos