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Esportes - 28/08/2020 - Técnicos de futebol do RS sugerem mudança no calendário do futebol gaúcho


Técnico Fabiano Borba é um dos idealizadores do projeto

Diretamente afetados pela pandemia, os técnicos que atuam na Segundona Gaúcha iniciaram conversas para uma reformulação no calendário estadual, um tema que foi amplamente debatido com todos os profissionais envolvidos na disputa estadual e que viabilizou o estudo que está sendo finalizado para ser encaminhado à FGF. 

“Vínhamos conversando há algum tempo, debatendo a situação. A pandemia agravou aquilo que vinha acontecendo no futebol gaúcho. Todos foram unânimes e concordaram que há necessidade de uma mudança. Não estamos aqui para criticar, questionar a Federação. Queremos somar, agregar ideias, criar um debate para ver o que é melhor para o nosso futebol e para todos os profissionais envolvidos na área”, comentou Fabiano Borba, técnico do Tupi de Crissiumal, que reforça a necessidade das equipes contarem com um calendário ampliado. “O estudo começou a ganhar corpo e quem sabe a gente consegue mudar esse cenário. Não é mais possível um clube jogar 11 vezes num ano, pensar o futebol em três meses. E os outros nove meses? Precisamos pensar mais a longo prazo, os clubes terem um planejamento estratégico, projetar o futebol por mais tempo, que geraria mais empregos e seria bom para todos: jogadores, comissões técnicas, staffs, torcedores, imprensa... é neste sentido que estamos procurando debater”, destacou. 

Comandante do Glória nesta temporada interrompida, Fabiano Daitx segue a mesma linha. “Esse movimento surgiu a partir da mobilização dos jogadores, que solicitavam o retorno das competições. Chegamos à conclusão de que precisávamos tomar a frente e propor um debate sobre a realidade do futebol gaúcho. Iniciamos contato entre os técnicos do interior e comissões para ouvir todos envolvidos neste processo: árbitros, dirigentes, jogadores, imprensa e torcedores. Precisamos desenvolver uma alternativa para tornar o futebol mais viável. Da maneira que está, a tendência do futebol no interior é terminar e, se não terminar, ficar com poucas equipes”, observou o técnico do time de Vacaria, citando que apenas 30% dos clubes gaúchos possuem calendário no ano inteiro. “A gente sedimenta a questão em cima de dois assuntos básicos: formação de atletas e calendário. São fatores importantes para a manutenção e para termos um clube viável financeiramente. Temos que resgatar nos clubes o desenvolvimento das categorias de base, que vão ter atletas locais, que vai gerar uma oportunidade grande de emprego e de incentivo à mobilização regional. Enfim, tudo aquilo que vivenciamos no Rio Grande do Sul e que a cada ano vem diminuindo. Espero que a gente consiga, deixando vaidades de lado, somar forças e pensar no bem maior, que é o futebol gaúcho, o resgate do futebol do interior do Estado”, frisou Daitx. 

Paulo Porto foi outro técnico que esteve envolvido desde o início com o projeto. “Percebemos, como treinadores, a necessidade que todos estavam passando por conta da pandemia, com o nosso futebol do interior jogando muito pouco, com campeonatos cada vez mais curtos. Temos consciência de que qualquer mudança de calendário é muito difícil e começamos a estudar um projeto para poder apresentar às pessoas envolvidas: jogadores, comissões técnicas, imprensa, Sindicato dos Atletas, gestores de clubes, gerentes executivos, enfim. Num primeiro momento apresentamos a todos pedindo a colaboração para que ele seja aperfeiçoado”, comentou o técnico do Passo Fundo. Ele também citou a abertura da FGF à proposta. “O presidente da Federação tem se mostrado muito receptivo quanto a isso. Ele abriu as portas para um diálogo. O que queremos é ajudar, realizar um campeonato que possa promover o crescimento do nosso futebol do interior. Da maneira como está fica cada vez mais difícil: se joga menos, se forma menos jogadores e isso não é bom para ninguém. Após a decisão do Gauchão, o presidente Luciano ficou de conversar conosco sobre essa nova visão do futebol gaúcho para que ele evolua. A qualidade do nosso jogo está ruim porque jogamos muito pouco durante o ano e precisamos mudar essa realidade. É a nossa pretensão e contamos com o apoio de todos segmentos envolvidos no futebol. Vamos chegar na Federação com uma proposta bem consolidada e certamente iremos sensibilizar nosso presidente de que este é o momento oportuno para uma mudança”, finalizou Porto. 

Em julho ocorreria a pré-temporada dos clubes sem série e em janeiro a dos clubes com série nacional. 

Férias: o período de recesso dos clubes sem série seria em maio e junho e dos clubes com série nacional em dezembro. 

Campeonato Gaúcho: disputado por todos os clubes gaúchos sem série nacional, que iria de agosto a janeiro, competição inicialmente regionalizada (Norte e Sul), habilitando os cinco melhores para o Gauchão. 

Gauchão: ocorreria em fevereiro e março, com os cinco habilitados do Gaúcho mais os sete times do Estado envolvidos nas Séries B, C e D do Brasileiro. Todos contra todos em turno único, habilitando os quatro melhores ao Super Gauchão, conferindo vagas na Série D ao campeão e vice .

Super Gauchão: realizado em abril, contaria com os quatro habilitados no Gauchão mais a Dupla Gre-Nal e distribuiria, aos que obtivessem melhor classificação, as vagas gaúchas na Copa do Brasil. Todos contra todos em turno único com os dois melhores fazendo a decisão. 

Campeonatos Brasileiros: de maio a novembro, é destinado às equipes gaúchas que estão envolvidas nas séries nacionais. 

Excursões e amistosos: o mês de fevereiro ficaria livre para os clubes (com ou sem série nacional) que optassem por excursões e amistosos.

Taça Libertadores da América: o mês de março permitiria uma folga no calendário da Dupla para dedicação exclusiva à competição continental.

Fonte: Jornal Informante de Farroupilha

Foto: Guia Crissiumal

Postado: Clécio Marcos Bender Ruver
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