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Agricultura - 21/01/2018 - Gaúchos evitam cortar a produção de leite no verão


Sindicatos de regiões produtoras admitem queda no volume ofertado nos últimos 30 dias

Os agropecuaristas gaúchos relutam em aderir à recomendação de reduzir a produção da leite em 10%, feita há um mês pelo Conselho Paritário de Produtores/Indústrias de Leite (Conseleite) como tentativa de equilibrar oferta e demanda e dar chance à recuperação dos preços.

Sindicatos de regiões produtoras admitem que houve queda no volume ofertado nos últimos 30 dias, mas dentro de um padrão normal para a época do ano, quando há menos pastagens disponíveis e o calor provoca estresse nos animais. Liane Brackmann, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Teutônia e Westphalia, diz que a proposta do conselho não tinha como ser acatada, a não ser se o produtor desistisse da atividade. “Surpreende a recomendação, pois quem conhece a atividade leiteira sabe que ela exige grande planejamento. A vaca não tem um botão para desligar e fazê-la parar de produzir”, comenta.

O mesmo comportamento é observado pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santo Cristo, Pedro Almiro Ullerich. O município é o terceiro maior produtor de leite do Estado, com uma média diária de 178 mil a 184 mil litros. “A queda é porque o produtor, com as contas no vermelho, já tinha colocado o pé no freio”, afirma.

Nelcindo Mayer, de São Pedro do Butiá, nas Missões, tem um plantel de 24 vacas e teve de reduzir sua entrega diária de 624 litros para 530 litros por conta da sazonalidade. “Reduzir mais 10% como? Desbalancear a alimentação dos animais é suicídio. Vou sustentar minha propriedade de que jeito?”, questiona. Levantamento feito anualmente pelo Cepea/Esalq nos meses de verão aponta uma queda média de 7% a 8% na captação de leite no Rio Grande do Sul. A produção média do Estado é de 13 milhões de litros por dia.

Tanto a Fetag quanto o Sindicato da Indústria de Laticínios e Derivados (Sindilat), confirmam que a produção leiteira cai nos meses de calor, mas reiteram que a recomendação do Conseleite se deu para que o produtor tivesse consciência da gravidade dos problemas do setor. O secretário-executivo do Sindilat, Darlan Palharini, ressalta que na próxima reunião do Conseleite, dia 23, se terá uma ideia melhor de recuo da produção e impacto nos preços. “Pelos dados que temos disponíveis, não há sinais de melhora”, adianta. A comparação semanal feita pela Emater apontou cotação média de R$ 0,92 pelo litro de leite no dia 18 de janeiro, inferior à de R$ 1,14 de 19 de janeiro de 2017 e à de R$ 1,07 da média histórica do mês.

 

Fonte: Correio do Povo

Postado: Clécio Marcos Bender Ruver
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