Segundo ele, o processo de consolidação tende a continuar, já que o setor ainda é muito pulverizado
Formar uma empresa de consistência no mercado, com marcas fortes, fomentar o desenvolvimento do setor produtivo e melhorar a rentabilidade do produtor de lácteos. Essa é a meta do fundador e ex-diretor presidente da gaúcha Laticínios Bom Gosto, Wilson Zanatta, agora na co-presidência do conselho de administração da LBR - Lácteos Brasil S/A. A maior empresa privada de lácteos do País, com faturamento de R$ 3 bilhões e captação anual de mais de 2 bilhões de litros de leite, é resultante da fusão, anunciada na noite de ontem, entre a Bom Gosto e a Leitbom, subsidiária da Monticiano Participações, controlada da GP Investimentos.
Em entrevista à Agência Estado, Zanatta admitiu que as conversas entre as duas companhias ocorriam há meses, mas que se intensificaram nos últimos 90 dias. "Existe sinergias muito grandes entre as duas empresas. Por exemplo, a Leitbom tem fábricas em Goiás e Pará, locais nos quais a Bom Gosto não tinha presença. Além disso, há marcas como Parmalat, Poços de Caldas e Glória que tínhamos muito interesse em controlar", disse o executivo. "A fusão é um processo de ganha-ganha para as duas empresas. Nós (Bom Gosto) entramos com a expertise do setor e a GP com a gestão. O objetivo da fusão é ficar sólido, dar consistência ao mercado, para ajudar no desenvolvimento do setor de lácteos e remunerar melhor nosso produtor", disse Zanatta.
Questionado se seria o melhor momento para uma operação de fusão, já que o setor enfrenta dificuldades, com lucratividade pequena ao produtor e margens apertadas para a indústria, Zanatta reafirmou que o setor tem que se desenvolver. "Tem que ocorrer mais investimentos em tecnologia e é isso que vamos fazer, além de aplicar as melhores práticas. O produtor será beneficiado com a fusão, pois queremos remunerá-lo melhor", declarou, avisando que em três anos, a LBR quer acabar com a capacidade ociosa de 30% que possui atualmente.
Segundo ele, o processo de consolidação tende a continuar, já que o setor ainda é muito pulverizado. "Os principais players brasileiros detêm cerca de 6% a 7% do mercado nacional de lácteos, longe da situação em outros países. Portanto ainda tem muito a se fazer", afirmou. Para ilustrar, Zanatta citou que na Nova Zelândia 95% do leite processado é fabricado por uma única empresa, a Fonterra. Na Holanda, 85% do leite é processado pela Campina, empresa resultante da fusão de várias cooperativas, enquanto no Uruguai 55% do leite é de um único produtor.
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