A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) divulgou em novembro o estudo Perspectivas da Alimentação 2010/2011. Neste relatório a FAO revisou algumas das projeções divulgadas em junho deste ano.
Produção
A produção de leite no mundo que era prevista de chegar em 694 milhões de toneladas em 2010, deve ultrapassar este valor e alcançar 710 milhões de toneladas até dezembro. Os maiores responsáveis por este crescimento são China, Índia, Brasil, União Europeia (UE) e Estados Unidos (Figura 1).
China e Índia são os países que mais contribuem para o crescimento da produção. Por outro lado, o Paquistão terá sua produção reduzida em aproximadamente 8%, devido a enchentes. As previsões de crescimento de 4% para a Índia e 10% para a China são consideradas conservadoras, já que a ocorrência de incidentes, como os relacionados à contaminação do leite com melamina, podem ter tido um impacto maior do que o esperado no setor.
Estados Unidos e UE têm previsões de crescimento semelhantes, aproximadamente 1%. Nos Estados Unidos, a produção aumentará para 87 milhões de toneladas devido a melhorias em produtividade e menores taxas de abate. O baixo nível de crescimento da UE, chegando a 133 milhões de toneladas produzidas, se deve ao fato de que produtores e comerciantes ainda estão se adaptando ao novo ambiente de comércio criado pela reforma no setor leiteiro.
Na Oceania, os firmes preços ao produtor e as boas condições climáticas criaram um ambiente favorável aos agricultores para expandir a produção nesta temporada (julho-junho 2010/2011). Na Nova Zelândia, espera-se alcançar 17,8 milhões de toneladas, o que representa um crescimento de 6% com relação à última temporada (2009/2010). Já na Austrália a produção chegará a 9,2 milhões de toneladas na temporada 2010/2011, um crescimento moderado de cerca de 2% devido aos altos preços para a alimentação dos animais.
Comércio Internacional
Segundo o relatório, em 2010 o comércio internacional de produtos lácteos deve crescer 5,7%, chegando a 46 milhões de toneladas equivalente de leite, o que foi impulsionado pela demanda asiática e da Rússia. O crescimento das exportações ocorreu principalmente pelos Estados Unidos, beneficiado pelos preços atrativos no mercado internacional, Nova Zelândia pela maior oferta de leite, e a UE devido à maior liberação dos estoques públicos. A seguir são apresentas as previsões para o comércio internacional separadamente por produto.
· Leite em pó integral: Espera-se crescimento de 1% no comércio em 2010 (Tabela 1), impulsionado pela forte demanda da China, onde as importações praticamente dobraram em relação a 2009. Outro fator importante foi a recuperação das importações de mercados importantes como Venezuela e Argélia, que aumentaram as quantidades compradas no segundo semestre. Por outro lado, depois de fracas exportações no primeiro semestre, a Argentina recuperou as vendas no segundo, devido à maior oferta do produto. Mas mesmo assim, é esperado queda de 14% nas exportações do produto argentino. Ao contrário, a Nova Zelândia deverá aumentar suas exportações em 8%.
· Leite em pó desnatado: As expectativas para o produto são boas, podendo haver um crescimento de 13% no comércio em 2010. As exportações dos Estados Unidos e Nova Zelândia podem apresentar forte expansão de 20% e 15%, respectivamente. Para a UE também é esperado um forte crescimento das exportações, mas as expectativas são baseadas em que haverá maiores liberações dos estoques reguladores nofinal do ano. As importações estão firmes, sustentadas pela demanda da China, Indonésia, Malásia e México, que juntos respondem pela metade das compras de leite em pó desnatado. Já as importações africanas podem cair cerca de 4%, principalmente pela queda das compras da Árgélia, segundo maior importador do produto.
· Manteiga: O relatório prevê um crescimento de 6% para o comércio em 2010, sustentado pela forte demanda por importações da Rússia, Sudeste Asiático e Oriente Médio. Tentando acompanhar a forte demanda, os estoques do produto da UE estão zerados e as exportações devem avançar até 11% esse ano. A Nova Zelândia deve aumentar suas vendas em 5%, impulsionada pela maior oferta de leite.
· Queijos: Para os queijos a previsão é de aumento de 5% no comércio mundial, com o crescimento sendo liderado pela UE, que aumentou a oferta para países desenvolvidos e a Rússia. Neste último, a previsão é de aumento de 10% nas importações. Essas compras têm aumentado à medida que os períodos recessivos na Rússia e nos países desenvolvidos diminuem. Japão, Coréia do Sul e México, tradicionais importadores de queijo, aumentaram recentemente suas importações. Além disso, há a expectativa de que a China dobre suas importações de queijo este ano, alcançando um volume de 28 mil toneladas.
Lucas Figueiredo Linhares - Estagiário da Embrapa Gado de Leite
Marcos Franca de Almeida - Estagiário da Embrapa Gado de Leite
Kennya Beatriz Siqueira - Pesquisadora da Embrapa Gado de Leite
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