O acordo de limite às importações de leite em pó em 3,3 mil toneladas/mês entre Brasil e Argentina foi prorrogado até julho próximo. O acordo havia terminado em abril deste ano e prorrogado até maio, e devido à atuação da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) frente ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), foi estendido por mais dois meses.
Contudo, a renovação do contrato para um período maior ainda depende do MDIC, que teve seu quadro técnico alterado, o que dificultou as negociações anteriores.
Com mercado interno aquecido com preços sobre patamares atrativos e o mercado internacional caminhando de lado, a expectativa dos agentes do setor consultados pelo MilkPoint é de um cenário preocupante referente as importações de lácteos da Argentina, principalmente, e Uruguai.
O outro lado da moeda
O setor leiteiro da Argentina está preocupado porque, segundo publicado pelo site Infortambo, o Brasil não aprovou as licenças de importação de leite em pó do país nesse mês. Em 2010, as licenças não automáticas eram aprovadas em não mais de uma semana, mas agora, o Brasil decidiu esperar mais tempo.
"Em 30 de abril, finalizou o acordo entre empresas privadas argentinas e brasileiras. Os produtores brasileiros disseram que seu Governo o suspendeu por um mês, mas nós não tivemos uma confirmação oficial dessa decisão e, tampouco, a tem as autoridades argentinas", disse o presidente do Centro da Indústria Leiteira Argentina (CIL), Miguel Paulón.
"Entre hoje e amanhã, saberemos que caminho tomará essa gestão", disse Paulón na segunda-feira (30), enquanto expressou sua preocupação pela barreira que impede aliviar uma grande parte do atual excedente de leite. "Atualmente, há uma oferta de leite superior, muito acima das necessidades do mercado interno".
As informações são do MilkPoint, complementadas com informações da Infortambo.
Conseleite/RS - Pelo terceiro mês consecutivo, o Conselho Estadual do Leite (Conseleite) prevê aumento no preço pago ao produtor no Rio Grande do Sul. O valor de referência para maio é de R$ 0,6767, maior 1,4% do que o preço consolidado no mês passado (R$ 0,6697), quando a projeção foi de R$ 0,6634. Segundo o presidente do Conseleite, Carlos Feijó, números extraoficiais já indicam estabilidade, originad a pelo aumento das importações da Argentina, avalia o assessor de política agrícola da Fetag, Airton Hochscheid. "O leite que entra hoje compete de forma desigual com o nosso produto, freando o mercado e impactando diretamente nos preços." Segundo Feijó, há duas semanas, uma rede catarinense importou 600 mil t de leite longa. A previsão para os próximos meses é de aumento na produção gaúcha. "As condições climáticas são favoráveis, as pastagens de inverno estão prontas e os produtores têm silagem." (Correio do Povo/RS)
PREÇO MÉDIO REAL É O MESMO DE MAIO DE 2010
Em maio, o preço médio pago pelo leite ao produtor (referente à produção de abril) aumentou 5,5% (o equivalente a 4,4 centavos por litro) em relação ao mês anterior, impulsionado pela menor oferta do produto neste período de entressafra. O valor médio (bruto) foi de R$ 0,8399/litro – considera-se a média ponderada dos estados do RS, SC, PR, MG, GO, SP e BA. Em termos reais, ou seja, descontando-se a inflação (IPCA de abril/11), o valor pago pelo leite ficou no mesmo patamar observado em maio do ano passado (leve recuo de 0,1%); em termos nominais, houve alta de 5,2% frente àquele mês.
O Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-Leite) recuou quase 2,8% entre março e abril considerando-se as médias diárias. Em São Paulo e em Minas Gerais, o índice manteve-se praticamente estável, enquanto nos demais estados desta pesquisa (RS, PR, GO e BA) houve queda. No Rio Grande do Sul, a redução do ICAP-Leite em abril chegou a 7,9%, em Santa Catarina, a 9,5% e no Paraná, foi de 3,8%. Entretanto, agentes do setor esperam aumento da captação a partir do final de maio/início de junho na região Sul, com a chegada do período de safra. As condições climáticas têm sido favoráveis à produção de forrageiras de inverno – especialmente aveia e azevém – e produtores sulistas têm a expectativa de uma boa safra neste ano, com aumento de cerca de 10% a 15% em relação à produção de 2010 (maio a setembro).
Desde dezembro/10, quando o índice de captação atingiu o maior patamar da última safra, houve recuo de 10,1% do ICAP-Leite. De janeiro a abril, ICAP-Leite/Cepea registrou leve recuo de 0,6% no comparativo com o mesmo período do ano passado – o estado que mais apresentou redução do índice neste período foi Goiás, de 13%.
De acordo com a pesquisa mensal realizada pelo Cepea junto a compradores de leite, para o pagamento de junho (referente à produção entregue em maio), 49% dos agentes de mercado consultados (que representam 54% do volume de leite da amostra) acreditam em nova alta de preços. Para outros exatos 49% dos entrevistados (responsáveis por 42% do volume amostrado), deve haver estabilidade e, para 2% dos agentes (que representam 2% do volume), os preços pagos aos produtores podem recuar.
O mercado firme de derivados (especialmente de leite UHT), a tendência de oferta restrita no Sudeste e no Centro-Oeste e os custos relativamente elevados são os principais fundamentos para a expectativa de que os preços do leite, em junho, sigam nos mesmos patamares ou em alta. Por outro lado, o início da safra de inverno no Sul e a expectativa de que a oferta daquela região seja maior neste ano podem limitar aumentos de preços nos próximos meses.
Outro fator que preocupa todo o setor neste momento são as elevadas importações de derivados lácteos, especialmente leite em pó e queijos. Somente no primeiro quadrimestre deste ano, as compras externas em equivalente leite somaram 384 milhões de litros e já superaram o volume importado no ano de 2008 inteiro, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). No comparativo com o primeiro quadrimestre de 2010, o aumento em volume é de 98%. Por sua vez, a exportação nacional de lácteos diminuiu 46% na comparação com o começo do ano passado.
MAIO – O maior aumento de preços em maio ocorreu no estado do Paraná. O valor médio subiu para R$ 0,8510/litro (valor bruto), alta de 10,1% (ou 7,8 centavos por litro) em relação a abril. No entanto, é preciso ressaltar que, de janeiro a abril deste ano, o preço médio no Paraná aumentou apenas 2%, bem menos que as altas verificadas nos demais estados, entre 8% e 11%.
No Rio Grande do Sul, o preço médio bruto foi de R$ 0,8113/litro, alta de 7% (ou 5,3 centavos por litro) em relação ao mês anterior. Em Santa Catarina, a média foi de R$ 0,8456/litro, aumento de 4,3%, ou 3,5 centavos por litro, frente a abril.
Em São Paulo, a média foi de R$ 0,8680/litro, a maior verificada entre os estados desta pesquisa (MG, RS, SP, PR, GO, BA e SC). O aumento médio no mercado paulista foi de 5,2% (ou 4,3 centavos por litro) entre abril e maio. Em Minas Gerais, o preço médio foi de R$ 0,8379/litro, alta de 4,7% (3,8 centavos por litro) frente a abril. No estado de Goiás, a alta foi de 4,4% (3,6 centavos por litro), com média de R$ 0,8458/litro. Na Bahia, a média foi de R$ 0,7174/litro, aumento de 2,9% (ou 2 centavos por litro).
Fonte: CEPEA
Tweet |