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Geral - 25/02/2011 - A paranormal de Santa Rosa recupera-se de câncer


Aos 34 anos, Leonice Fitz recupera-se de um câncer ósseo

A responsável por esses fenômenos paranormais, que provocaram um turbilhão de espantos na região de Santa Rosa, em 1988, hoje está doente. Aos 34 anos, Leonice Fitz recupera-se de um câncer ósseo.

 Pratos decolavam da mesa de jantar, levitavam como disco-voadores, depois se espatifavam contra a parede. Luzes piscavam na roça de milho, mas não eram vaga-lumes. Espíritos apareciam para um bate-papo, comunicando-se por meio de batidinhas e toques, num código morse de arrepiar os cabelos. Cadeiras se arrastavam sozinhas, colchões se retorciam, lâmpadas estouravam fulminadas pelo olhar.

   A responsável por esses fenômenos paranormais, que provocaram um turbilhão de espantos na região de Santa Rosa, em 1988, hoje está doente. Aos 34 anos, Leonice Fitz recupera-se de um câncer ósseo que a obriga a tomar morfina a cada quatro horas. Passa os dias na cama, debilitada, conforta-se de suas dores ao lado da cachorrinha Priscila.

  Os fenômenos vieram a público em abril de 1988, quando a Zero Hora estampou em sua capa, uma foto da menina erguendo o colchão de sua cama sem tocar. Também uma equipe de TV da RBS Cruz Alta foi até o local e ao chegar, seus equipamentos não ligavam. Após algum tempo o câmera conseguiu fazer a mesma gravar as imagens e os sons. Ouvia-se batidas nas paredes de madeira do quarto de Leonice.

  A Leonice enferma não gosta de lembrar a Leonice menina que atraiu exorcistas, caçadores de fantasmas, chatonildos e multidões de curiosos ávidos por assistirem a mesas gravitando como espaçonaves. Recostada em quatro travesseiros, conta que pagou alto por seus poderes.

  — Por que tive de ser diferente dos outros? — penaliza-se.

   E será que os poderes paranormais continuam ativos? Antes de responder, ela acende mais um cigarro —a média é um a cada 10 minutos — e aponta para a luz que ilumina o quarto:

   — Se quiser, desligo aquela lâmpada, eu desligo. Mas tenho medo de fazer isso e não parar mais. Aí, quem vai me ajudar?

   Os receios se justificariam. Depois que se tornou a Garota Poltergeist para a imprensa do país, Leonice deixou o pacato Rincão da Boa Vista para trabalhar em Santa Rosa. Mas não parava nos empregos de doméstica, parecia uma feiticeira de avental a assustar as patroas. Numa ocasião, o ferro de passar roupa esquentou, embora estivesse desligado. Em outra, as bocas do fogão a gás se acenderam sem que fossem acionadas.

Padre atestou a força de Leonice

    Mas como tudo começou? A mãe, Ema, 64 anos, recorda do nenê que chorava e ficava arroxeado diante da boneca Bruda. Na escola, Leonice apavorava os colegas por brincadeira. Fazia com que os bonés dos meninos esvoaçassem como pandorgas. Ao voltar para casa, na companhia das amiguinhas, as pedras da estrada flutuavam, dançantes.

   — Comecei a me divertir cada vez mais — diz ela, pegando mais um cigarro da carteira posta sobre a cama.

   Em casa, somente o pai, Anildo Fitz (morto em 2003, aos 57 anos), conseguia evitar, num duelo de olhares, que a filha despedaçasse o que restava da louça. Mas os fenômenos assumiram tais proporções que a prefeitura de Santa Rosa pediu a ajuda do padre e parapsicólogo Edvino Friderichs. Veterano na investigação de casos semelhantes, o estudioso diagnosticou:

   — O problema é que ela acha graça quando isso acontece, sem levar em conta que se trata de um desequilíbrio físico e psíquico.

   Padre Friderichs tratou Leonice no final dos anos 80, tentou ensiná-la a controlar o porão obscuro da mente. Não adiantou. Ela seguiu conversando com o além, o interlocutor preferido era o tio-avô Otto Fitz, a quem se atribuía façanhas como hipnotizar serpentes e adormecer touros bravios. Enquanto Leonice falava, a alma do antepassado percutia as respostas codificadas na parede.

   Atualmente, Leonice não sabe o que fará após o câncer. Talvez reabra o consultório espiritual que manteve por 10 anos. Assegura que usava seus dotes para curar pessoas com distúrbios, possessas, que vinham até do Paraguai e da Argentina. Um dos pacientes mais endiabrados foi um rapaz de Porto Mauá, que atearia fogo em galpões tendo por combustível a força do pensamento.

    Um pouco antes de adoecer, há dois anos, Leonice surpreendeu o marido, o jardineiro Armindo Herzog, 57 anos. Os dois foram ao supermercado, Armindo trancara a porta da casa e metera a chave no bolso. Durante as compras, ela avisou:

   — Ó, acabei de abrir a nossa casa.

   — Não pode. A chave está comigo — protestou o marido.

    Ao voltarem, o boquiaberto Armindo deparou com a porta escancarada. E não foi obra de ladrões — garantem os dois, ela com um sorriso travesso na face emagrecida.

Da RBS

Fonte: http://guiasaoluiz.net
Postado: Douglas Atkienson
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