Notícia

Educação - 30/12/2015 - O Ensino Médio Politécnico no Rio Grande do Sul


Por Professor Evanir Kraemer

Não é novidade ressaltar aqui que se analisarmos a educação brasileira das últimas décadas, podemos confirmar o seu modismo, sendo que a mesma varia com tal intensidade quanto ao da moda de roupa das diferentes épocas. Quando nos referimos ao nosso estado confirmamos que a bola da vez, implantada no Estado do Rio Grande do Sul em 2012 foi o Ensino Médio Politécnico onde a reestruturação curricular do Ensino Médio da rede pública estadual foi implantada após debate com a comunidade escolar, que culminou com a Conferência Estadual do Ensino Médio e da Educação Profissional, em dezembro de 2011. 

 

A iniciativa teve  entre seus objetivos “propiciar o desenvolvimento dos alunos, assegurando-lhes a formação comum indispensável ao exercício pleno da cidadania e fornecer-lhes meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores; qualificar o estudante enquanto cidadão, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico e a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando teoria e prática, nas práticas pedagógicas. Além disso, pretende-se a redução da evasão e da repetência nesta modalidade de ensino e trazer para os bancos escolares cerca de 70 mil jovens que estão fora da escola.”

 

Em relação aos objetivos acima citados cabe aqui trazer a tona algumas mudanças (mas não as únicas) ocorridas na prática, e que na maioria das vezes passam desapercebidas das pessoas que não tem contato com essa nova experiência: 

-  O Ensino Médio Politécnico articula as disciplinas a partir de quatro áreas do conhecimento (Ciências Humanas, Ciências da Natureza, Linguagens e Matemática e suas tecnologias);

- A nota (que antes era realizada a partir de números) agora passa a ser elencada dentro de três conceitos (CRA, CPA e CSA);

- Introduz-se uma nova disciplina denominada Seminário Integrado (aumentando a carga horária do novo Ensino Médio);

 

Não se tem por objetivo discutir a eficácia ou não de que uma simples mudança na organização curricular possa trazer para a escola 70 mil jovens que estão fora da mesma. Mas passados quatro anos da implantação dessa nova modalidade percebe-se que a articulação das disciplinas em quatro áreas do conhecimento não trouxe mudanças tão significativas, pois os conteúdos continuam a ser trabalhados, mas no momento do conceito é preciso dialogar com as outras disciplinas da área na busca de um conceito comum na área de conhecimento. Talvez a mudança mais significativa tenha sido a extinção da nota e a implantação de conceitos, sendo esta uma das mudanças mais questionadas pelos estudantes, pois um aluno que tinha nota 60 tem o mesmo conceito que um aluno com nota 100. Já a implantação da disciplina de Seminário Integrado exige uma dedicação a mais dos estudantes à escola, portanto acredita-se do seu lado positivo pois permite/exige que os estudantes realizem projetos e façam os trabalhos dentro das normas (ABNT), além de aprofundarem pesquisas em temas que os mesmos tiveram liberdade de escolha. 

 

Em suma, acredita-se que os objetivos das mudanças são reflexos de evolução e vontade de fazer melhor do que se estava fazendo. Se a implantação desse novo Ensino Médio trouxe aspectos talvez não tão bons, também trouxe aspectos positivos. Portanto, é importante ressaltar aqui que se essa mudança viesse acompanhada de melhoramentos no espaço físico das escolas (pois mais carga horária significam mais alunos ocupando salas de aula ao mesmo tempo), de um acréscimo proporcional na merenda escolar ao tempo/turno a mais que os alunos permanecem na escola, de mais recursos para o transporte escolar (pois em muitos municípios exigiu uma nova organização no mesmo debandando mais recursos), colheríamos ainda melhores frutos dessa tentativa de fazer uma educação melhor para nossos estudantes do Ensino Médio.

 

Professor: Evanir Quanz Kraemer

Postado: Clécio Marcos Bender Ruver
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