Goleiro agarrou três cobranças, uma delas de Pato
Antes ofuscado por Muriel, bastou um jogo para Renan ressurgir. Estava com cara de replay, mas, desta vez, o Inter primou pela perícia, venceu o Milan nos pênaltis e garantiu o terceiro lugar da Copa Audi. Assim como acontecera diante do Barcelona, o time de Osmar Loss buscou por duas vezes o empate contra os italianos no tempo normal nesta quarta-feira, em Munique. Na série de penalidades, brilhou o goleiro. Renan, que estava prestes a voltar para o Valencia, renovou o seu contrato na última hora para novamente ser herói no momento decisivo. Defendeu três cobranças em solo alemão. A última delas, de Alexandre Pato.
Nos pênaltis, 2 a 0. Durante os 90 minutos, 2 a 2. Está certo, o Inter não venceu no Allianz Arena, mas também não conheceu a derrota. Sem taça, mas ânimo renovado na bagagem, rumo a Porto Alegre. Rumo ao Brasileirão.
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Valendo apenas o terceiro lugar, o clima inicial para o jogo era lento, de fim de festa. A sonolência pregou peça até no alemão responsável pelo sistema de som. Anunciou para a imensidão do Allianz Arena que Celso Roth era o técnico do Inter, e não Osmar Loss. Com a bola rolando, o marasmo continuou, em ritmo de treino. Só o Milan tocava na bola. Em dois minutos, dois escanteios. Da última cobrança, um passe preciso de Robinho para Ibrahimovic completar, de letra: 1 a 0.
Ibra agradece ao presente de Robinho: 1 a 0
Foto: Matthias Schrader, AP
Com apenas dois titulares (Bolívar e Damião) e com cinco atletas com menos de 22 anos, o Inter parecia presa fácil para o experiente Milan, que contava com seis jogadores com mais de 30 anos. Bastou, no entanto, Loss ajustar o sistema defensivo para a aparente deficiência se transformar em virtude. Com três volantes bem postados e Gilberto recuando para barrar a perigosa jogada pelo flanco esquerdo milanês, os zagueiros deixaram de ficar no mano a mano com Pato e Ibra. E a gurizada cresceu.
Como um clássico enganche, João Paulo simbolizou o que de melhor mostrou o Inter no primeiro tempo. Veloz e atrevido, soube puxar bons contra-ataques, distribuir o jogo e incomodar a defesa dos anciões Abbiati (34), Zambrotta (34) e Yepes (35). O garoto de 20 anos foi o termômetro para comprovar a mudança de panorama no Allianz Arena. De treino de luxo dos italianos, a partida passou a virar briga séria. Até bolinho se formou após uma falta dura sobre João Paulo.
Gilberto, Damião e João Paulo: descontração após empate
Foto: Matthias Schrader, AP
O resultado da evolução colorada chegou aos 22 minutos. Sempre aberto pela direita, Gilberto passou lotado pela marcação, invadiu a área e procurou Damião. E, claro, achou: 1 a 1. Afinal, Damião está sempre lá para inovar nas comemorações. Desta vez, fingiu jogar videogame, mãos fazendo as vezes de joystick. Depois um prenúncio de humilhante goleada, o Inter voltava a sorrir. Menos Gilberto, avalista do empate, que acabou saindo por lesão. Lucas Roggia entrou e manteve o bom nível do ataque.
Talvez o garoto da base de menor destaque, Zé Mário deixou a equipe no intervalo. Andrezinho ingressou no campo, e o Inter manteve a boa postura. O problema é que o Milan melhorou. Ficou difícil para a gurizada sem entrosamento segurar por mais tempo o azeitado time de Massimiliano Allegri.
Fabrício, cobrando falta, não esteve em boa jornada
Foto: Matthias Schrader, AP
Aos 7 minutos, começou o bombardeio de Pato, acertou a trave. Aos oito, de novo o ex-colorado. Agora, arriscou bonito chute da entrada da área, que raspou o poste. Aos 14, enfim o gol: em bela troca de passes, iniciado por Seedorf, depois Ibra e Robinho, Pato rolou para as redes, já com Renan fora de combate — o primeiro gol do atacante no seu clube de origem, no qual venceu o Mundial de 2006. Poderia haver um segundo, mas Renan fez grande defesa aos 17.
A partir daí, só deu Milan, que passou a administrar a vantagem. D'Alessandro, Nei e Ricardo Goulart entraram para tentar mudar o quadro da partida. Não seria lógico vencer o atual campeão italiano repleto de craques usando como munição uma equipe mista, composta por mutios garotos. Esforçados e com qualidade, sim, mas ainda muito jovens. Mas a lógica não viajou à Alemanha nesta semana. E quem entrou no segundo tempo resolveu.
Esbanjando superação, o Inter novamente deixou os europeus boquiabertos perto do fim da partida. Aos 34, D'Alessandro aproveitou sobra de chute de Ricardo Goulart e empatou. O argentino entrou elétrico. Três minutos depois, puxou excelente contragolpe e chutou rente à trave. Andrezinho também mostrou aos alemães a sua perícia na bola parada. Aos 39, quase acertou o ângulo.
Nos pênaltis, brilhou Renan, que já havia sido herói em outras duas decisões, em Gre-Nais pelo Gauchão. Defendeu três cobranças consecutivas. Nem o erro de Glaydson atrapalhou o Inter. D'Alessandro e Nei converteram: 2 a 0 nas penalidades e sono tranquilo mais do que garantido no retorno a Porto Alegre.
> Ficha técnica - Copa Audi (decisão 3º lugar)
Inter
Renan; Glaydson, Bolívar, Dalton e Fabrício (Kleber); Matias, Elton (Nei), Zé Mário (Andrezinho) e João Paulo (Ricardo Goulart); Gilberto (Lucas Roggia) e Damião (D'Alessandro). Técnico: Osmar Loss (interino)
Milan
Abbiati (Roma); Zambrotta, Thiago Silva, Yepes e Antonini; Ambrosini (Emanuelson), Gattuso (Valoti), Seedorf e Robinho (Boateng); Pato e Ibrahimovic (Cassano). Técnico: Massimiliano Allegri
Data: 27/07/2011
Local: Estádio Allianz Arena, em Munique
Gols: Ibrahimovic, aos 2 minutos; Damião, aos 22 minutos do 1º tempo. Pato, aos 7 minutos; D'Alessandro, aos 34 minutos do 2º tempo.
Cartões amarelos: Gattuso, aos 18 minutos
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Postado: Clécio Marcos Bender RuverTweet |