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Agricultura - 27/03/2012 - Apesar da perspectiva de chuva, agricultores temem mais perdas com a chegada do frio no Sul do Brasil


A preocupação é que o frio provoque outro revés na safra de verão

A chuva não adianta mais para recuperar a safra frustrada e as perdas bilionárias na economia do Rio Grande do Sul. Porém, a perspectiva de precipitações regulares e bem distribuídas até a primavera anima o campo — e exige cautela. Especialistas alertam que a redenção para os problemas no verão não deve ocorrer completamente no inverno.

 

– Não se pode querer compensar tudo no ciclo de inverno. É preciso manter o planejamento de rotatividade e prazos para plantio – observa Alencar Rugeri, engenheiro agrônomo da Emater.

 

A corrida por informações sobre novas culturas já foi deflagrada. A linhaça e a canola surgem como alternativas ao trigo em algumas regiões. Entre os agricultores do noroeste do Estado, uma das regiões mais castigadas pela seca, a maior preocupação é com a cobertura de solo, o que indica um aumento no cultivo de aveia.

 

Antes da chuva, porém, a preocupação é que o frio provoque outro revés na safra de verão. Segundo a Emater, as baixas temperaturas previstas para os próximos dias podem prejudicar as lavouras remanescentes de milho e soja. Rugeri destaca que a variação extrema de temperatura é um risco para a planta.

 

O consultor Jorge Vargas observa que o objetivo deve ser reter o máximo de água no solo para tentar evitar perdas maiores na safra de verão. Se depender do clima, há esperança de sobra. Além da chuva mais frequente a partir de abril, a previsão é de volumes considerados bons até mesmo na primavera, quando começa a safra de verão.

 

– Tudo dependerá de como o solo vai absorver a água, mas se a primavera for mesmo chuvosa, há boas perspectivas de safras melhores – salienta Julio Renato Marques, professor da Faculdade de Meteorologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

 

 

 

Municípios como Silveira Martins, Agudo e Restinga Seca, no centro do Estado, estão em alerta. Em São Gabriel, a prefeitura retomou a entrega de água potável para o interior. O desabastecimento também atinge o Noroeste e o Vale do Rio Pardo. Em Santa Cruz do Sul, só neste mês foram entregues pelo menos 227 cargas de água potável.

 

– O mais grave do La Niña foi a falta de chuva e o calor intenso na primavera, quando há o enchimento dos reservatórios – observa Estael Sias, meteorologista da Central de Meteorologia.

 

Segundo ela, a recuperação ainda é parcial no Estado. As regiões mais problemáticas são Missões, Alto Uruguai e Planalto Médio. Estael observa, porém, que a situação é diferente da seca de 2005, quando a escassez foi mais intensa em março. E revela uma tendência de chuva mais regular a partir da chegada do outono.

 

Conforme boletim do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), abril deve ter chuva acima da média na maior parte do Estado, em especial na Campanha e no Oeste. Em maio, as precipitações devem superar a média em todo o Rio Grande do Sul. Para junho, a previsão é de chuva dentro da média histórica.

Fonte: Zero Hora
Postado: Douglas Atkienson
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