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Saúde - 25/06/2015 - Médicos sem receber há 14 meses podem suspender cirurgias no Hospital de Caridade de Três Passos


A Verdade faz bem à Saúde

Recorde negativo na saúde do Estado: médicos que atendem no Hospital de Caridade de Três Passos, estão há 14 meses sem receber por cirurgias e partos já realizados pelo SUS. Diante da situação insustentável e do descaso ao trabalho médico, os profissionais, apoiados pelo Sindicato Médico do RS (SIMERS), vão suspender procedimentos eletivos (não urgentes) a partir da zero hora desta segunda-feira (29). Em média, são feitas cerca de cem cirurgias em diversas especialidades no Caridade, que soma 104 leitos, sendo 69 pelo SUS.

 

A direção do SIMERS esclarece que o hospital não respondeu até agora aos pedidos para uma solução, por isso a medida é necessária. O quadro médico também não é remunerado desde março pelos plantões presenciais no Pronto Socorro e na UTI e de sobreaviso (quando o médico fica à disposição do hospital para ser chamado a qualquer hora do dia em caso de urgência e emergência). A recente e alegada dificuldade financeira de hospitais filantrópicos não pode ser usada para justificar este descaso com os profissionais em Três Passos, reage o o presidente do Sindicato da categoria, Paulo de Argollo Mendes.

 

Pelo Portal da Transparência do Estado, o hospital de Três Passos recebeu R$ 7.943.496,54, em 2014, e este ano os recursos somam R$ 4.457.163,49 até junho. Nos últimos 18 meses, entraram nos cofres do Caridade cerca de R$ 12,5 milhões. "Queremos saber onde foram parar as verbas que deveriam estar dando condições ao atendimento médico", cobra Argollo. "A situação em Três Passos é revoltante. Os médicos mantiveram os cuidados aos pacientes por todo este tempo, mas agora chega. Estão trabalhando de graça, enquanto as verbas são repassadas a hospital", adverte Argollo.

 

O dirigente destaca que a relação é do médico com o hospital. "A categoria médica não vai mais aceitar ser prejudicada por eventual problema entre as instituições e os governos, assim como é perfeitamente esperado que alguém que faz seu trabalho seja remunerado em dia, pois os médicos têm seus compromissos, pagam contas, têm família, sustentam consultórios onde outras pessoas esperam salários", ressaltou o dirigente.

 

As verbas são repassadas seguindo o modelo de contratualização (com valor global para cobrir as despesas). O hospital recebe a verba e deve pagar os prestadores. Antes disso, médicos recebiam pelo código 7 (diretamente da União). Há alguns especialistas mais antigos no Caridade que estão no código 7 e estão recebendo seus honorários.

 

Situação se agrava desde fevereiro

 

O Sindicato informa que, em fevereiro, notificou extrajudicialmente o Caridade exigindo uma posição sobre os pagamentos. Em fim de maio, o SIMERS acionou novamente o estabelecimento e preveniu que, sem nenhum aceno sobre a quitação dos débitos, os serviços seriam suspensos em 30 dias. O prazo se esgota à meia-noite deste domingo, alerta a entidade médica. O segundo documento também foi enviado ciência do Ministério Público Estadual e dos gestores municípios, advertindo sobre os danos da conduta dos dirigentes hospitalares.

 

O Sindicato Médico tem sido incansável nos pedidos para negociar a regularização dos valores por atendimentos, formalização da relação de prestação de serviço (hoje os profissionais não têm nenhum contrato assinado com o Caridade) e reajuste dos valores, bastante defasados. "Como a direção do Caridade se nega a negociar, a única alternativa que restou é infelizmente interromper os atendimentos", comunica o SIMERS.

 

Nota oficial do SIMERS: ESCLARECIMENTO À POPULAÇÃO

 

Diante do descaso da direção do Hospital de Caridade de Três Passos, o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul informa:

 

 1. Os médicos do Corpo Clínico do Hospital de Caridade estão há 14 meses sem receber pelos procedimento do SUS, e, desde março, pelos plantões de sobreaviso, Pronto Socorro e UTI.

 

 2. Em fevereiro, o SIMERS notificou extrajudicialmente o hospital para o pagamento dos atrasados, reajuste dos valores e legalização dos contratos, mas até hoje não obteve resposta.

 

 3. Nova notificação foi feita em fim de maio, com aviso prévio de 30 dias.

 

Como o hospital se nega a negociar para regularizar a situação, os procedimentos eletivos pelo SUS serão suspensos a partir da zero hora do dia 29, próxima segunda-feira.

 

A Verdade faz bem à Saúde.

 

Dr. Paulo de Argollo Mendes

Presidente

Dra. Maria Rita de Assis Brasil

Vice-president

 

 Patricia Comunello

Comunicação e Marketing

Sindicato Médico do Rio Grande do Sul 

(51)3027-3737

www.simers.org.br

Postado: Leila Ruver
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