Cultivo passou de 154 mil para 430 mil hectares no Brasil em dez anos
O plantio dos grãos e forrageiras de inverno, que começa na segunda quinzena de maio, após a colheita da safra de verão, tende a expandir a área cultivada com aveia no Rio Grande do Sul, confirmando tendência que vem se mantendo nos últimos dez anos. O cereal tem fundamental importância para o manejo correto do solo, prevenção de pragas e doenças que podem acometer os campos descobertos nos meses de frio e rotação com a soja.
O diretor técnico da Emater, Alencar Rugeri, diz que ainda é cedo para fazer projeções de área, mas reconhece que o desempenho cada vez mais eficiente das lavouras de soja no Estado tem nas culturas de inverno coadjuvantes de peso. Na safra 2020/2021 a colheita da oleaginosa deve totalizar mais de 20 milhões de toneladas.
À percepção de que as culturas de inverno – entre as quais também estão o trigo, a cevada e a canola – beneficiam as de verão se soma a análise de crescimento da área plantada com aveia no Estado, que, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), subiu de 98 mil hectares em 2010 para 299 mil hectares em 2020.
Rugeri afirma que o produtor gaúcho sabe que com a aveia, assim como com os demais cereais e forrageiras de inverno, há o ganho direto da própria cultura e o indireto, relacionado aos seus efeitos sobre a produtividade da soja. “O produtor percebe hoje que o ato de não deixar um campo descoberto no inverno, aberto para o crescimento da buva (erva daninha que prejudica a soja), por exemplo, significa economia na hora do plantio de verão e mais produtividade em um solo que foi preservado”, afirma.
O coordenador da Faculdade de Agronomia da Sociedade Educacional Três Maio (Setrem), Marcos Caraffa, diz que a cultura da aveia faz parte do sistema produtivo brasileiro desde sempre e é de grande importância para a proteção do solo na rotação com a produção de grãos, alimentação animal e alimentação humana. Lembra ainda que os registros da Conab apontam que o cultivo da aveia passou de 154 mil hectares em 2010 para 430 mil em 2020 no Brasil.
Caraffa constata que não foi apenas o papel relevante na cadeia agrícola que fez a aveia dar este salto, mas também o investimento em pesquisa e melhoria de cultivares, que tornaram a cultura economicamente atrativa, já que elevaram a produção nacional de 379 mil toneladas, em 2010, para 1,09 milhão de toneladas no ano passado. Nos dias 31 de março e 1º de abril, a 40ª Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa da Aveia discutirá os avanços na utilização da aveia forrageira e de grãos para alimentação animal.
Fonte: Correio do Povo
Foto: Rodrigo Danielowski/Setrem
Postado: Clécio Marcos Bender Ruver| Tweet |  |
