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- 18/10/2011 - Dia 18 de outubro, Dia do médico


Apesar da data comemorativa, muito ainda precisa mudar

Neste dia em que comemoramos o Dia do Médico, deixamos aqui uma reflexão sobre a situação deste profissional que trabalha com vidas e exaltamos a importância do seu trabalho. Para o Dr. Carlos Alberto Pereira de Figueiredo, trata-se de uma comemoração muito merecida, mas também de um momento oportuno para pensar no destino da classe.

Segundo ele, ao invés do justo reconhecimento pela dedicação empreendida, algumas vezes chegam a ser incompreendidos por estarem atuando dentro da precariedade.”Estamos distantes de garantir uma medicina de qualidade para todos os brasileiros, falta financiamento e planejamento adequado para as políticas públicas. Somos 350 mil médicos no Brasil, número suficiente para cobrir a demanda de 180 milhões de habitantes”, comenta. Porém, faltam médicos nas regiões norte e nordeste, e há um excedente de médicos nas regiões sul e sudeste.

Só no Brasil existe um número bem maior de faculdades de medicina do que nos Estados Unidos e na China. Para o Dr. Figueiredo, abrem-se escolas médicas por interesses peculiares e políticos, formando médicos aos milhares, mas totalmente despreparados para um mercado de trabalho, muito competitivo e que exige do profissional competência e dedicação.

Na sua opinião, o médico que ingressa no serviço público brasileiro tem uma péssima remuneração e uma defasagem brutal em relação as outras categorias, como promotores de justiça, juízes e delegados.” Para sobreviver o médico tem que ter três a quatro empregos, o que prejudica em muito a qualidade de seu trabalho, numa profissão que requer muita concentração e competência. O profissional médico no dia de hoje não dispõe de recursos econômicos para atualizar-se e participar de jornadas e congressos. Com isso a qualidade de seu atendimento fica comprometida, prejudicando até mesmo o paciente”, frisou o profissional.

O SUS (Sistema Único de Saúde) teve como modelo os sistemas de saúde do Canadá e Inglaterra. Nestes países um médico em início de carreira tem uma remuneração equivalente a R$ 16.000,00 por 40 horas semanais, com auxílio de diárias para participar de congressos e seminários e um plano de carreira com serviços constantes até sua aposentadoria.

Inconformado, o médico diz que há sete anos as entidades médicas lutam pela regulamentação da profissão. A única das 14 que estão incluídas na área da saúde que não está regulamentada é a medicina. “Portanto, oficialmente não existimos como profissão”, lamenta. Porém no dia 07 de outubro 2010 foi aprovado na Câmara de Deputados o Projeto de Lei que regulamenta a profissão médica, mas ainda necessita de aprovação do Senado, que voltará para a Câmara de Deputados para apreciação e depois irá às mãos da Presidente Dilma para aprovação.

Outro projeto que tramita no Congresso é o salário mínimo médico de R$ 7 mil por 20 horas de trabalho semanal, o que para o profissional, segundo sua opinião, será uma batalha até que seja aprovado. “temos que atuar conjuntamente com nossas entidades representativas exigindo outra realidade no modelo e nas condições estruturais. Hoje o movimento médico deve acontecer principalmente no dia a dia do nosso trabalho”, esclareceu.

Ele destaca que é preciso lutar por um fortalecimento de um pacto de saúde no SUS, regulamentação da Emenda Constitucional29, ampliação do modelo de estratégia de saúde da família, carreira de estado, planos de cargos de carreira e vencimentos (PCCV), formação profissional através da residência e luta por um piso salarial médico digno.

Dr. Figueiredo parabeniza todos os colegas médicos de Crissiumal, especialmente os colegas do corpo clínico do HCC.

 

 

Texto: Micheli Armanje (Jornal Colonial)
Foto: Arquivo Guia Crissiumal

 

 

Postado: Dr. Carlos Alberto Figueiredo
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