Inter virou para cima do Avaí e Grêmio bateu o Santos na Vila
De prático, o 1 a 0 na Vila Belmiro não resolveu muito a situação do Grêmio no Campeonato Brasileiro. Mas a vitória magra no solo santista pelo menos serviu para quebrar uma escrita entre as equipes na competição. O placar justinho em um jogo fraco e sob chuva na tarde deste domingo foi a primeira vitória do Tricolor no campo do Peixe no torneio - agora são 21 confrontos no geral, com 13 êxitos para o Alvinegro, seis empates e duas vitórias tricolores (o time bateu o Santos na Vila pela pré-Libertadores de 1999).
De resto, o resultado quer dizer pouca coisa no nacional. Os três pontos levaram o Grêmio para a nona posição, com 42 pontos. O Santos, que já praticamente jogou a toalha no Brasileiro e só sentiu saudades de Neymar, suspenso, na partida, ficou com a 13ª posição, com 38 pontos. E foi vaiado pelo poucos torcedores que estiveram na Vila.
Na próxima quarta-feira, também na Vila Belmiro, o Santos recebe o Botafogo. Já o Grêmio visita o América-MG, no próximo sábado, na Arena do Jacaré. Uma vitória, dependendo dos demais resultados, pode fazer o time sonhar com uma arrancada rumo à vaga na Libertadores.
Grêmio à vontade na Vila
Sem grandes pretensões no campeonato e com o tempo ruim no litoral paulista, Santos e Grêmio fizeram um jogo que atraiu um pequeno público para a Vila Belmiro - apenas 3.477 pessoas pagaram para testemunhar o confronto. E quem foi torcer pelo Peixe ficou confuso com a escalação de um trio de zagueiros e sentiu saudades do serelepe Neymar, suspenso, em campo. Sem Léo, lesionado, Muricy Ramalho optou por colocar Durval pelo lado esquerdo. O problema é que o experiente atleta tinha dificuldades no posicionamento em campo: não sabia se era zagueiro ou lateral-esquerdo.
Com essa deficiência santista, o Grêmio procurava explorar justamente as subidas de Mário Fernandes e os espaços que o meia Douglas conseguia abrir pelo lado esquerdo da defesa santista. E numa das confusões que o time gaúcho conseguiu armar na área alvinegra, Rafael acabou cometendo pênalti em André Lima. Na batida, o goleiro pegou o chute de Douglas, mas não evitou o gol de Escudero no rebote.
Apesar de estar longe do Olímpico, o Grêmio parecia bem à vontade no gramado da Vila Belmiro. Não que tivesse maior posse de bola. Mas quando a tinha nos pés, aproveitava para chegar na cara do goleiro Rafael. Como conseguiu novamente Escudero, que obrigou o santista a fazer uma bela defesa.
A dificuldade santista estava em encontrar um homem que conseguisse ligar o meio-campo ao ataque. Borges, artilheiro do Brasileiro, poucas chances teve na primeira etapa. Alan Kardec até tentava encontrar o camisa 9 santista, mas não foi fácil. Com 1 a 0 no placar, o Grêmio tratava de explorar os contra-ataques, enquanto a sua torcida não parava de cantar, mesmo sob chuva. Aos santistas, restava esperar que tudo aquilo acabasse logo.
Grêmio recua e segura a vantagem na etapa final
Depois que os poucos torcedores que estiveram na Vila presenciaram um pedido de casamento, o Santos resolveu dar um pouco mais de emoção ao público. Aos poucos, o Peixe conseguia avançar mais no ataque. Mas isso não necessariamente representava uma supremacia em campo.
Como no primeiro tempo, Rafael teve de se virar para não levar o segundo gol dos gremistas. Ora André Lima, ora Escudero, o goleiro era testado sob a chuva que só apertava em Santos. A principal diferença para o primeiro tempo, porém, foi que o Tricolor gaúcho ficou boa parte da etapa atrás da linha que divide o campo.
Na tentativa de não deixar os pontos escaparem em casa, Muricy sacou Ibson, que não vinha bem na partida, para a entrada de Tiago Alves. Breitner também entrou na vaga de Renteria para tentar aproximar o meio-campo do ataque. Em vão. Enquanto o Peixe tentava um último suspiro, o Grêmio se retraía ainda mais em campo, aceitando que o 1 a 0 era o suficiente e não se arriscando a ampliar. O placar mínimo era o que o time precisava para quebrar o tabu e garantir uma vitória.
Para se resumir um camisa 10, pegue-se a atuação de Andrés D’Alessandro no segundo tempo da vitória de 4 a 2 do Inter sobre o Avaí. Peguem-se a movimentação, os dribles e as arrancadas. Peguem-se os dois gols. Pegue-se o passe para mais um. O argentino acabou com o jogo em 45 minutos na tarde deste domingo, virou um jogo que tinha ares de tragédia para os colorados, aproximou o time gaúcho da zona da Libertadores e complicou de vez a vida dos catarinenses.
Foi uma das maiores atuações de D’Alessandro pelo Inter. O Colorado saiu perdendo no primeiro tempo, empatou com o argentino, voltou a ficar em desvantagem e alcançou nova igualdade com outro gol do camisa 10. Kleber, em passe do gringo, e Nei, cobrando falta, fecharam o placar. Robinho e William fizeram para o Avaí.
O resultado ergue o Inter na tabela. Já são 47 pontos, ainda em sétimo, mas agora a três pontos da zona de classificação para a Libertadores – dependendo ainda do resultado do jogo entre São Paulo e Atlético-GO. O Avaí, com 26, segue em penúltimo.
Avaí na frente
Se Jô fosse um centímetro mais alto, se o passe de João Paulo fosse um centímetro mais baixo, se o zagueiro estivesse um centímetro mais longe, sabe-se lá como teria sido o primeiro tempo no Beira-Rio. Detalhes tão grandes. O centroavante não alcançou a bola cedo no jogo, logo com dois minutos, e perdeu a chance de colocar o Inter em uma vantagem que, dado o desespero do Avaí, poderia ser conclusiva. Mas não aconteceu. E quem fechou a etapa inicial na frente foi o time catarinense.
O Avaí ofereceu ao Inter uma overdose de seu maior veneno: saída rápida, envolvendo o trio Robinho, Cleverson e William, geralmente pelo lado direito de ataque. Aconteceu repetidas vezes. Na primeira delas, a bola entrou. Cleverson cruzou para Robinho, na pequena área, desviar para o gol.
Eram oito minutos. O Inter tinha uma eternidade para buscar o empate e alicerçar a virada. Mas gastou o tempo tropeçando nas próprias pernas.O trio de articulação esteve embolado – e bem marcado. João Paulo mais errou do que acertou. D’Alessandro correu, correu, correu, mas não produziu o habitual. Andrezinho foi o mais sóbrio na região, mas não o suficiente para levar a equipe a marcar.
Depois de fazer o gol, o Avaí aumentou a carga de marcação, firmou passo mais firme no campo de defesa. O Inter tomou conta do gramado. Poderia ter empatado com João Paulo, que chutou fraco, com Andrezinho, que mandou cobrança de falta no ângulo (Felipe espalmou), com D’Alessandro, que bateu para fora, com Jô, que girou por cima. Poderia, mas não fez. E o Avaí foi para o vestiário com a vitória parcial.
Só D'Alessandro salva
Dorival Júnior tinha uma arma na reserva. A exigência de uma virada convenceu o treinador a fazer Oscar migrar do banco para o campo. O jogador da Seleção Brasileirou entrou no lugar de Andrezinho. Mas quem resolveu tomar conta do jogo foi D’Alessandro.
E quando D’Alessandro toma conta de um jogo, não faz pouca coisa. Com sete minutos, o argentino encaixou o corpo para cobrança de falta pelo lado direito de ataque. Ele desviou a bola da barreira e fez com que ela morresse no canto inverso. Era o empate vermelho.
D’Alessandro, D’Alessandro e mais D’Alessandro. O gol carregou no colo outras duas chances protagonizadas pelo camisa 10. Na primeira, ele cruzou da direita para Jô, muito mal no jogo, cabecear para fora; na segunda, recebeu de João Paulo e bateu por cima. Quase.
Estava armada a estrutura da virada colorada. E ela desabou feito um castelo de cartas. Em uma rara escapulida ao ataque, o Avaí foi presenteado com um pênalti. Guiñazu derrubou Leandrinho na área. William mandou uma pancada para recolocar a equipe visitante na frente.
Só D’Alessandro poderia salvar o Inter. Ninguém mais. Oscar encontrou o argentino na entrada da área. Ele olhou para o gol com olhos de quem vai marcar. E marcou. Chute de canhota, forte, certeiro: novo empate no Beira-Rio.
Empate? Empate coisa nenhuma. D’Alessandro, sempre D’Alessandro, eternamente D’Alessandro, pegou a bola pelo lado esquerdo, como se fosse lateral, e viu a entrada de Kleber, como se fosse meia. O passe encontrou o camisa 6. O camisa 6 encontrou o gol. Incrível: o Inter virava no Beira-Rio.
E tinha mais. Não de D’Alessandro, porque nem tudo precisa ser dele. Nei, em cobrança de falta, ampliou o placar, assassinou os temores vermelhos, alimentou as esperanças. A Libertadores está visível na frente do Inter. E o Inter tem Andrés D’Alessandro.
Fonte: Globo.com
Postado: Clécio Marcos Bender RuverTweet |