Por: Adalsira Marisa Zimmermann - Professora Municipal de Crissiumal RS
Será que é possível descobrir autismo depois que a pessoa já é adulta? Já passou por uma série de situações, muitas vezes se casou, teve filhos, teve um trabalho, mas também teve suas dificuldades de relacionamento, sempre se sentiu diferente? Questões como essas tem se tornado comum nos dias de hoje e estão sendo tratadas com seriedade e muito respeito por especialistas no assunto.
Segundo estudos publicados recentemente, a resposta é, sim, é possível descobrir autismo em adultos.
Apesar de ser uma condição identificada na maioria das vezes na infância, o autismo vem sendo diagnosticado com mais frequência em adultos. O TEA ( transtorno do espectro autista) apresenta vários graus e sua identificação pode passar despercebida.
Por exemplo:
Uma pessoa que não se alfabetizou, conseguiu defender-se lendo soletradamente e escrevendo com muitas trocas de letras, escrevendo por exemplo: cuase para quase, quidado para cuidado, Cerida para querida, paceio para passeio, qaza para casa e assim sucessimamente. Interesse restrito, hiperfoco: paixão por bicicletas. Muitas estereotipias que chamavam de cacoetes, seletividade alimentar, pouco ou nenhum apego a família, manteve alguns relacionamentos afetivos, não teve filhos, frequentemente resolvia sair pelo mundo e desaparecia por longos períodos sem dar notícias. Empregos formais, foram tantos que duas carteiras de trabalho foram preenchidas, por empresas diversas, sem efetivar vínculo empregatício com nenhuma delas. Aos 57 anos de idade sua mãe veio a óbito e ele não expressou nenhum sentimento de dor, não que não a amasse mas por não conseguir expressar suas emoções, conduziu o funeral com muita tranquilidade pois isso, ele dominava, pregar o evangelho como pastor, mas não sustentava um diálogo coerente por mais de meia hora.
Esse sujeito apresentou ao longo de sua vida esse conjunto de prejuízos, provavelmente, fecharia critérios para T E A nível 1 de suporte, se tivesse passado por uma avaliação multidisciplinar.
Reforçando a orientação, esses episódios não podem apresentar-se isoladamente por algum período da vida, eles precisam estar presentes ao longo da vida e serem persistentes.
Estar na condição de Autista hoje, é ainda desafiador, imagine isso, na década de 40, época em que este caso aconteceu? Será que foi mais, ou, menos difícil? Pode-se dizer que foi diferente, sem diagnóstico determinado nem o amparo e a estrutura necessária, essa pessoa passou a vida lutando contra algo que não conhecia e sentindo-se desajustado. Quando não sabemos com que estamos lidando, pode ser bem mais difícil. Atualmente, pessoa na condição de Autista, é acolhida, integrada na sociedade, recebe apoio e orientação específica, é respeitada e tem seus direitos, amparados pela lei, o que não acontecia naquela época.
Relembrando que a presença de um ou dois sinais dos mencionados nesse texto, não significa necessariamente que a pessoa tem autismo. No entanto, se você reconhece vários desses comportamentos de forma consistente em alguém próximo, ou em si próprio, agendar uma consulta com um profissional de saúde especializado pode ser uma boa ideia. Compreender esses sinais é essencial não só para o autoconhecimento, mas também, para apoiar de forma eficaz amigos, familiares ou colegas que possam estar nessa condição.
Buscar ajuda para identificar o possível autismo depois de adulto, não é bobagem, é uma forma do sujeito entender-se e ser entendido em suas peculiaridades. O autismo em adultos pode ser sútil e muitas vezes é mal compreendido
Conscientização e compreensão são passos fundamentais para inclusão e suporte adequados.
Por: Adalsira Marisa Zimmermann - Professora Municipal de Crissiumal RS
Postado: Leila RuverTweet |