Por Luiza Simionato de Rosso
Para refletir! (Artigo de Opinião)
A princípio, esta frase me causou estranheza, inclusive me assustei, achei literalmente extenso o tema da redação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) de 2023. Porém, após algumas leituras, alguns depoimentos e lembranças, reparei na tamanha importância deste assunto. Como eu, mulher, filha mais velha e mãe solo não havia percebido a minha/nossa importância perante a formação e sustentação de uma sociedade? Sempre senti o “peso”, a responsabilidade, o compromisso e até mesmo, o orgulho da minha força, resiliência e paciência em desenvolver atividades que seriam quase insubstituíveis em uma casa. Essas tarefas silenciosas, diárias, constantes e imprescindíveis de lavar, passar, limpar, cozinhar, organizar e cuidar, passam em quase todos os lares brasileiros, despercebidas por olhares sexistas e consumistas. Homens e mulheres não sabem, não percebem ou não valorizam o trabalho de uma mãe com a criação e educação dos filhos nem de uma filha no cuidado com seus pais idosos.
Cultura? Educação? Egoísmo? Por que nossas queridas mulheres, as quais sacrificam ou dedicam seus dias com os cuidados alheios não são evidenciadas e prestigiadas como deveriam? Se não fosse aquela disposição nas madrugadas de febre? Se não fosse aquela mão que ampara os desamparados de força e equilíbrio? Se não fosse a disposição daquela que saciou a fome dos apressados e atarefados? Se não fosse a criatividade em entreter e responder as curiosidades de um pequeno aprendiz? Se não fosse o colo? Se não fosse a mão? Se não fosse a força?
A sociedade precisa, urgentemente, dar vez e voz a estas mulheres que no silêncio de seus e de outros lares, formam um pilar sólido e imprescindível na construção e na educação dos brasileiros. Elas precisam do olhar atencioso, carinhoso e solidário de seus pais, filhos e esposos. Carecem da valorização da sociedade. Necessitam de seu espaço, tempo e reconhecimento como entes de suma importância na formação, colaboração e construção de um país mais justo. Faz-se necessária, portanto, uma urgente reparação, avaliação e investimento às mulheres que silenciosamente garantiram e garantem o bem-estar, a organização, o cuidado e a segurança das casas brasileiras. Elas que com dedicação, sutileza, generosidade, inteligência emocional, sabedoria, humildade e muito amor, lideram, sem muitas vezes perceber, os caminhos e a direção de uma família inteira.
Fica aqui, enfim, não só uma opinião, mas também o apelo para que nossos governantes avaliem estratégias de valorização a estas mulheres que não podem atuar no mercado de trabalho, uma vez que precisam atender as necessidades de uma família, desta forma, infelizmente, ficando invisível aos olhos do mudo.
Luiza Simionato de Rosso
Professora de Português das Redes Municipal e Estadual de Ensino.
Postado: Clecio Marcos Bender Ruver| Tweet |  |
