Hist贸ria de Hoje: Roumilda e os Carret茅is de Linha n潞 16
Legenda da Foto: Roumilda, em uma época em que os fotógrafos não consideravam a importância do sorriso de uma criança
A Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social de Crissiumal, através do CRAS, segue desenvolvendo o projeto de Museologia para Idosos, estimulando entre os participantes, o resgate e a valorização de suas histórias familiares, a doação de objetos, documentos e fotos históricas para o acervo do museu municipal.
Iniciada em fevereiro de 2023, esta atividade tem um significativo propósito, que é compilar histórias passadas dos participantes e reunir as mesmas em uma coletânea que será publicada semanalmente no Guia Crissiumal.
Na edição dessa semana, a história infantil de Roumilda Lorenzen Schröder
Legenda da Foto: Roumilda, em uma época em que os fotógrafos não consideravam a importância do sorriso de uma criança
ROUMILDA E OS CARRETÉIS DE LINHA Nº16
Este conto é uma história juvenil, sobre a infância da Roumilda Schröder, uma menina de cabelos bem clarinhos que nasceu na Linha Silva Jardim, perto de Ubiretama, filha de agricultores e que, prematuramente, aos 11 anos de idade, perdeu seu querido pai.
Alguns anos mais tarde, ela e seu irmão, Adhemar, acompanharam o segundo casamento de sua mãe, Teresa, com o também viúvo Ewald, que já tinha 3 filhos e era proprietário de uma serraria. Não tardou para que Ewald envolvesse todas as crianças no árduo trabalho da lapidação da madeira. Durante o dia, todos os filhos, inclusive as moças, trabalhavam na serraria, carregando toras, tábuas e costaneiras. Erica, uma das filhas de Ewald, era exímia crocheteira e Roumilda desejava intensamente aprender essa delicada atividade. Ewald, o padrasto, não aprovava a atividade, muito menos os gastos com a compra de linhas, sendo assim, Teresa, compadecida com o desejo da filha, comprava carretéis de linha número 16, um tipo de linha de costura, muito mais fina que a linha de crochê e, por isso, bem mais barata. Para evitar conflitos com o marido, Teresa, colocava a compra na lista de itens necessários para costura.
À noite, no quarto das meninas, sob a tênue luz de lamparinas, a nova irmã de Roumilda, de forma silenciosa, ensinava-lhe a arte de crochetar, auxiliando-a a domar a fina linha e criar peças de crochê. Por vezes, a mãe não conseguia dinheiro suficiente para a compra dos carretéis de linha, então, durante as poucas horas de folga, os irmãos se organizavam para catar garrafas de vidro que vendiam para conquistar alguns trocados. Quando as vendas iam bem, entregavam o dinheiro para a mãe que, secretamente, comprava os carretéis de linha nº 16.
Os anos se passaram e Roumilda Lorenzen Schröder se transformou em uma excelente artesã, muito de sua vida, fez com o crochê. Hoje, aos 81 anos de idade (51 vivendo em Crissiumal), ainda se dedica ao crochê, uma atividade que traz consigo, junto com a lembrança de uma mãe amorosa, que se esforçava para atender os pequenos desejos de sua filha, e da prestativa irmã, com que o destino lhe presenteou.
Texto: Leandro Diel Rupp / CRAS
Postado: Clecio Marcos Bender RuverTweet |