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Polícia - 10/05/2014 - Confissão feita pela amiga da madrasta à polícia foi gravada


Polícia considera material uma prova

 

Um dos principais trunfos da Polícia Civil para desvendar a morte de Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, o depoimento da assistente social Edelvânia Wirganovicz consta no inquérito com gravação e filmagem. O material comprovaria que a amiga da madrasta abriu mão de ter advogado ao ser ouvida.

 

Depois de Edelvânia ter confessado o planejamento e a execução do crime e ter apontado onde estava o corpo, a defesa dela questionou a validade do relato por ter sido tomado sem advogado. Por trás da estratégia de invalidar o  relato, estaria a tentativa de minimizar a responsabilidade de Edelvânia e da madrasta, Graciele Ugulini.

 

Basicamente, a defesa da assistente social negou que o crime tenha sido premeditado e que ela tenha participado. Teria apenas ajudado Graciele a enterrar o corpo. Na mesma linha, a madrasta também negou premeditação ao depor. Admitiu ter matado Bernardo, mas sustentou ter sido por “acidente”, por exagerar na dose ao dar remédios para acalmá-lo. Ao perceber que estava morto, teria tido ajuda da amiga para enterrá-lo.

 

Além de ter a gravação indicando que Edelvânia foi avisada de seus direitos, como o de ter um advogado ou ficar em silêncio, a polícia montou, a partir da confissão, um roteiro de como o crime ocorreu. Está comprovado, por exemplo, que a pá e a cavadeira usadas para fazer a cova foram compradas dois dias antes do crime.

 

Testemunhas reconheceram a assistente social como a pessoa que fez a compra. Na loja onde foi adquirida a soda cáustica que teria sido usada sobre o corpo, a polícia localizou um ticket de caixa indicando a venda daquele produto no mesmo horário registrado por Edelvânia no depoimento.

 

A soda foi comprada minutos antes das ferramentas. Edelvânia também deu à polícia o nome do remédio que Graciele teria feito Bernardo tomar, o Midazolam. A perícia confirmou a presença da medicação no corpo do garoto.

 

O que a assistente social revelou

 

Sondagem e críticas: pelo relato de Edelvânia, a madrasta Graciele Ugulini planejava há muito tempo a morte do enteado, considerado um “incômodo” na vida do casal. Teria dito, até, que o menino era “ruim, que era difícil de lidar e que brigava até com o pai”.

 

A proposta: após a conversa, disse Edelvânia, Graciele teria afirmado que tinha bastante dinheiro e que se a amiga a ajudasse a dar um sumiço em Bernardo lhe daria dinheiro e ajudaria a pagar o apartamento dela.

 

Plano traçado: Edelvânia disse que em 2 de abril Graciele teria revelado o plano: dopar o menino e aplicar uma injeção letal. Teria pedido um local para “consumir” o corpo. As duas teriam ido ao interior de Frederico Westphalen e começado a cavar com uma enxada de Edelvânia.

 

Compra de ferramentas: Graciele e Edelvânia teriam decidido comprar outras ferramentas, além de um produto para “diluir rápido o corpo e que não desse cheiro”. As ferramentas, uma pá e uma cavadeira, foram apreendidas na casa da mãe de Edelvânia.

 

Despiste ao garoto: segundo Edelvânia, Bernardo rumou para a morte depois de sair da escola acreditando que ganharia uma TV e que faria uma consulta com uma “benzedeira”.

 

“Piquezinho na veia”: no veículo da assistente social, Bernardo teria recebido uma dose de Midazolam e ouvido da madrasta que, antes de consultar com a benzedeira, precisava levar um “piquezinho na veia”. A injeção teria sido aplicada logo depois. Edelvânia relatou que a madrasta aplicou-a na  veia do braço esquerdo com uma seringa e “ele foi apagando”.

 

Ocultação do corpo: após tirar a roupa e os tênis — que  foram colocadas no lixo —, as duas teriam enterrado o menino na cova antes sem conferir se ele estava vivo (depois, a perícia comprovou que ele já estava morto).

 

Pagamento antecipado: Edelvânia disse que recebeu, no dia 2, R$ 6 mil de Graciele. O acerto seria R$ 20 mil, mas ela teria se disposto, depois, a pagar o que faltava para quitar o apartamento da amiga. A assistente social garantiu que só ela e Graciele sabiam do fato.

 

Fonte: ZH

 

Postado: Clécio Marcos Bender Ruver
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