John Deere nega qualquer possibilidade de fechar suas duas fábricas no RS
E a demissão de 40 trabalhadores da unidade fabril da John Deere de Horizontina na semana passada teve repercussões neste início de semana nos meios políticos. O deputado federal Osmar Terra(PMDB/RS) vê relação entre as quatro dezenas de desligados da semana pretérita com outras 300 demissões ocorridas em 2011. A diretoria da empresa justificou que a redução visa ajustar a força de trabalho aos ciclos de produção do mercado.
Terra afirma que a empresa sofre uma pressão absurda com bloqueio de seus produtos na Argentina, forçando-a transferir suas fábricas do Rio Grande do Sul para o outro lado da fronteira. –“O governo de Cristina Kirchner bloqueou por nove meses as exportações da John Deere para Argentina, até que a empresa concordasse em construir uma fabrica de colheitadeiras lá”, denuncia o parlamentar.
Terra informou ainda que na unidade John Deere do município de Granadero Baigorria (Província de Santa Fe), na semana passada, houve um encontro de 200 empresários argentinos com o propósito de desenvolver uma rede de fornecedores locais para a produção de sete modelos de tratores e quatro colheitadeiras. O objetivo é produzir 25 mil tratores por ano naquela planta, destacou o deputado.
O parlamentar do PMDB enumera alguns fatos que provam, segundo ele, que a John Deere está de saída de Horizontina:
1) a diretoria da empresa, que residia na cidade, mudou-se para Porto Alegre e será transferida para São Paulo;
2) a fábrica de tratores de Horizontina foi fechada e transferida para Montenegro;
3) a fábrica de colheitadeira reduz drasticamente sua produção e deve ser levada, a curto prazo, para a Argentina:
“-Quem conhece rudimentos de economia sabe que uma multinacional não vai instalar duas unidades semelhantes perto de outra. É o caso da John Deere, que está de saída da região Noroeste do Rio Grande do Sul”, sentencia.
Osmar Terra critica a política do governo federal que permite que a Argentina pressione e ganhe uma planta industrial da John Deere. Observa que a fábrica a ser ampliada está distante cerca de mil quilômetros de Horizontina, o que prova que o investimento cede às pressões do governo argentino, afetando diretamente os interesses brasileiros nesse mercado. O deputado acusa o governo brasileiro de passividade diante das ações do país vizinho e propõe uma mobilização dos setores produtivos e parlamentares gaúchos para exigir providências:
A John Deere de Horizontina é a maior fabrica de colheitadeiras do Brasil, herdeira da SLC, tem planta de 12 hectares de área coberta. Juntas a Unidade da John Deere de Horizontina e a unidade da AGCO/Massey, de Santa Rosa, produzem 70 % das colheitadeiras brasileiras. As duas indústrias estão localizadas no Noroeste gaúcho, região que diminuiu a população no ultimo censo (2010). Terra adverte: “- Se, mesmo com tais indústrias, e outras como os frigoríficos, a região diminuiu sua população, imagine se perder a John Deere”, finaliza.
A reportagem do Jornal Folha Cidade de Horizontina contatou a área de comunicações da John Deere, que informou que a direção da companhia não irá se pronunciar sobre as afirmações do deputado, e portanto, não formatou nota no dia de hoje a nenhum veículo de comunicação da cidade ou região, pois não tem qualquer intenção de deixar Horizontina ou o Rio Grande do Sul.
“A John Deere manterá sua política de investimentos no Rio Grande do Sul e em Horizontina. A região tem grande importância para os negócios da John Deere, não apenas pelas suas fábricas, mas também pelo potencial agrícola e pela relevância na produção de alimentos no Brasil”, afirmou por telefone o Coordenador de Atendimento da CDI Public Relations, responsável pelas informações institucionais da multinacional.
A Argentina foi o ponto de partida da John Deere na América do Sul, com a inauguração da fábrica em Granadero Baigorria, em 1958. A industrialização da região deu grande contribuição para o avanço da mecanização na agricultura argentina e dos países vizinhos.
Com relação ao novo centro administrativo para a América Latina em Indaiatuba, a John Deere explica que houve o anúncio em julho do ano passado, sobre a transferência do Escritório Regional América Latina e do Banco John Deere, de Porto Alegre para Indaiatuba, localizada a 100 km da capital paulista. Segundo a Multinacional, a mudança visa fortalecer a estratégia de negócios da John Deere no Brasil, e em nada interferem nas operações das fábricas gaúchas de Horizontina e Montenegro.
Fonte: Paulo Staziaki (Jornal Folha Cidade)
Postado: Clécio Marcos Bender RuverTweet |