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Polícia - 04/04/2024 - Caso Bernardo, 10 anos: relembre como foi o crime, a investigação e os julgamentos


Menino foi dado como desaparecido em 4 de abril de 2014

Completa 10 anos, nesta quinta-feira (4), o desaparecimento do menino Bernardo Uglione Boldrini, em Três Passos, no Noroeste do Rio Grande do Sul. O caso, que chocou o estado, terminou com quatro condenados pelo homicídio, entre eles o pai e a madrasta da criança, que tinha 11 anos.

Nesta reportagem, o g1 traça uma linha do tempo do crime, da investigação e do julgamento dos acusados:

 

1. Desaparecimento

4 de abril de 2014: Bernardo desaparece

De acordo com a polícia, o menino foi visto pela última vez às 18h do dia 4 de abril, quando ia dormir na casa de um amigo, que ficava a duas quadras de distância de onde ele morava. No dia 6 de abril, o pai do menino foi até a casa do amigo, mas foi comunicado que o filho não estava no local e que não havia chegado nos dias anteriores.

 

13 de abril de 2014: pai pede ajuda para encontrar filho

Vários dias após o suposto sumiço do filho, o pai de Bernardo procurou uma emissora de rádio de Porto Alegre para pedir ajuda nas buscas pelo menino. "A gente está com uma força-tarefa com a Polícia Civil, Brigada Militar. Assim, a gente tá procurando esse menino, que é o Bernardo Uglione Boldrini", relatou Leandro Boldrini à Rádio Farroupilha, do Grupo RBS.

 

2. Morte e prisões

14 de abril de 2014: corpo é encontrado

O corpo do menino foi achado em Frederico Westphalen, no Norte do estado, a 80 km de Três Passos. Na época, a polícia não descartava nenhuma linha de investigação. Dois carros da família foram recolhidos para perícia.

 

14 de abril de 2014: pai, madrasta e amiga são presos

Na mesma noite em que o corpo foi encontrado, a polícia prendeu o pai, a madrasta, Graciele Ugulini, e uma amiga do casal, Edelvância Wirganovicz. No dia do desaparecimento, Graciele foi multada por excesso de velocidade entre Três Passos e Frederico Westphalen. Bernardo estava no banco de trás do carro.

 

16 de abril de 2014: velório e sepultamento

O corpo de Bernardo foi velado no ginásio do Colégio Ipiranga, onde ele estudava, em Três Passos. A cerimônia foi marcada pela comoção de moradores do município. A vítima foi enterrada no Cemitério Municipal de Santa Maria, no mesmo jazigo da mãe, Odilaine, que cometeu suicídio em fevereiro de 2010, aos 30 anos.

 

3. Investigação

15 de abril de 2014: suspeita de abandono

Órfão de mãe, o garoto se queixava de abandono familiar. Bernardo chegou a procurar o Judiciário no início de 2014 para falar do assunto, pedindo para morar com outra família, segundo o Ministério Público.

 

16 de abril de 2014: atestado de óbito

O atestado de óbito diz que a morte do menino ocorreu no dia 4 de abril de "forma violenta", segundo a família materna. O documento não apontou a causa da morte, mas o texto diz que teria sido de forma violenta e que o corpo estava "em adiantado estado de putrefação".

A avó materna, Jussara Uglione, disse que a criança era maltratada pela madrasta. "Ela não deixava ele entrar em casa enquanto o pai não chegasse", afirmou. Já uma ex-babá do menino afirmou que ele recebia pouca atenção do pai e da madrasta. "Ela sempre afastava o menino dela. Agredia com palavras", disse.

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10 de maio de 2014: preso quarto suspeito

A Polícia Civil prendeu o irmão de Edelvania, Evandro Wirganovicz, suspeito de participação ou ocultação de cadáver no caso. A Justiça considerou que o terreno onde o corpo de Bernardo foi encontrado era de difícil escavação, o que poderia indicar a participação de um homem, além de Edelvania e da madrasta.

 

15 de maio de 2014: MP denuncia investigados

O pai, a madrasta e a amiga foram denunciados por homicídio quadruplamente qualificado (motivos torpe e fútil, emprego de veneno e recurso que dificultou a defesa da vítima). Eles também foram acusados de ocultação de cadáver.

"Leandro Boldrini, Graciele Ugolini e Edelvânia Wirganovicz mataram Bernardo Uglione Boldrini. Leandro foi o mentor intelectual desse crime. Ele tinha o domínio do fato. A decisão da morte do filho foi dele. A prova existe", disse a promotora Dinamárcia Maciel de Oliveira.

16 de maio de 2014: acusados viram réus

O juiz Marcos Luís Agostini recebeu a denúncia oferecida pelo Ministério Público (MP) contra os quatro acusados pelo envolvimento na morte de Bernardo.

 

4. Processo judicial

27 de maio de 2015: réus são interrogados

Mais de um ano depois do crime, os quatro réus foram interrogados pela primeira vez na Justiça. Recebido no fórum com gritos de "assassino" por manifestantes e vestindo um colete à prova de balas, Leandro Boldrini negou participação no episódio. Irmão da amiga do casal, Evandro também negou envolvimento no caso. Já a madrasta, Graciele, e a amiga, Edelvânia, ficaram caladas.

13 de agosto de 2015: Justiça decide que réus vão a júri

Os quatro acusados de participar da morte de Bernardo foram pronunciados pela Justiça, com isso, um júri composto por pessoas da comunidade iria decidir a sentença de cada um.

 

5. Julgamentos

15 de março de 2019: réus são condenados

Após cinco dias e 50 horas de julgamento, o júri decidiu pela condenação dos quatro réus. Graciele Ugulini, a madrasta, recebeu pena de 34 anos e sete meses de prisão. Leandro Boldrini, o pai, foi condenado a 33 anos e oito meses de cadeia.

Edelvânia Wirganovicz, a amiga, foi condenada a 22 anos e 10 meses de prisão. Enquanto o irmão dela, Evandro Wirganovicz, foi sentenciado a nove anos e seis meses em regime semiaberto.

 

10 de dezembro de 2021: anulada condenação de Leandro

O 1º Grupo Criminal do Tribunal de Justiça decidiu pela anulação do julgamento de Leandro Boldrini, pai do menino Bernardo. O relator do caso disse que "houve quebra da paridade de armas" na conduta do promotor de justiça durante o interrogatório do réu no júri.

 

20 de março de 2023: Leandro vai a novo júri

Leandro Boldrini foi submetido a um novo julgamento no Foro da Comarca de Três Passos. O réu não foi interrogado por razões médicas, que não foram informadas. O acusado chegou ao fórum agitado, conduzido por policiais, dizendo "para, para" ao passar pela área onde estava a imprensa.

 

23 de março de 2023: Leandro é condenado

Leandro Boldrini foi condenado a 31 anos e oito meses de prisão. O pai de Bernardo foi responsabilizado pelos crimes de homicídio quadruplamente qualificado e por falsidade ideológica. Ele foi absolvido da acusação de ocultação de cadáver.

 

29 de fevereiro de 2024: condenação é mantida

O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul manteve a validade do júri que condenou o médico Leandro Boldrini. O relator dos recursos, desembargador Rinez da Trindade, negou tanto o pedido da defesa de Boldrini, que pedia a anulação do júri, quanto o pedido do Ministério Público, que buscava a ampliação da pena do médico.

 

Fonte: globo.com

Postado: Clecio Marcos Bender Ruver
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