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Clima - 03/09/2024 - Fumaça das queimadas na Amazônia volta ao Rio Grande do Sul


Por causa da poluição, há possibilidade de chuva preta na quarta-feira

Devido ao ingresso de ar mais quente com correntes de vento de Norte, a fumaça resultante das queimadas na Amazônia e nos países vizinhos deve alcançar o Rio Grande do Sul entre essa terça e quarta-feira.

De acordo com a Metsul, “o corredor de fumaça vindo de Norte recurva para o Sul na altura do Rio Grande do Sul, avança para o Oceano Atlântico e por efeito de centros de baixa e alta pressão recurva de novo, desta vez para o Norte, levando a pluma de material particulado na atmosfera para o Sudeste do Brasil, atingindo o Rio de Janeiro e o Espírito Santo”.

O serviço de meteorologia ainda explica que o corredor de fumaça será trazido para o Sul por uma corrente de jato em baixos níveis, um corredor de vento a cerca de 1.500 metros de altitude, que se origina no Sul da Amazônia e desce até o território gaúcho. A corrente de jato traz ar mais quente, o que explica a elevação acentuada da temperatura prevista para esta terça-feira na metade Norte gaúcha.

A meteorologista Estael Sias observa que no RS existe uma possibilidade de chuva na quarta-feira e ela poderá ser preta, “pois a chuva limpa a atmosfera”. Ela ainda ressalta que densa camada de fumaça pode prejudicar a visibilidade e que a sua presença poderá ser notada no nascer e o pôr do sol, que terão aspecto avermelhado.

Em 24 horas, entre domingo e segunda-feira, os satélites identificaram 3.432 focos de calor na Amazônia. É o pior dia de queimadas neste ano, superando o maior número anual de até então de 3.224 focos de calor no bioma no dia 30 de agosto.

A Organização Mundial de Saúde o Brasil (OMS) reconhece que a poluição do ar é um fator de risco crítico para doenças crônicas não transmissíveis. No Brasil, as queimadas e os incêndios florestais são importantes fontes de poluição atmosférica e contribuem para a emissão de poluentes atmosféricos, resultando na exposição humana com efeitos diretos e indiretos na saúde, meio ambiente e oferta de serviços de saúde.

De acordo com o Ministério da Saúde, o monitoramento de áreas sob influência de queima de biomassa é um dos campos de atuação da Vigilância em Saúde Ambiental e Qualidade do Ar (VIGIAR). A queima incompleta de biomassa libera fumaça e subprodutos da combustão que poluem o ar, resultando em uma mistura de poluentes tóxicos que afetam a saúde causando ou exacerbando doenças cardiopulmonares, câncer de pulmão e até morte prematura, dentre outras. Grupos populacionais mais susceptíveis como crianças, idosos, gestantes, indivíduos com doenças cardiorrespiratórias, de baixo nível socioeconômico e de trabalhadores ao ar livre podem estar sob maior risco de apresentarem algum efeito na saúde relacionado à poluição do ar.

De acordo com a OMS, a exposição à poluição atmosférica por pelo menos dois dias consecutivos aumenta a probabilidade de sintomas, agravos e internações hospitalares de doenças cardiorrespiratórias das populações. O Informe do Programa Vigiar/MS para a Semana Epidemiológica (SE) 34 (18/08/2024 – 24/08/2024) relata que os estados que apresentaram os municípios com violações acima de dois dias consecutivos foram: Amazonas (AM), Acre (AC), Rondônia (RO), Pará (PA), Mato Grosso (MT), Mato Grosso do Sul (MS), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Paraná (PR), Santa Catarina (SC) e Rio Grande do Sul (RS). A exposição à poluição atmosférica acima do que é recomendado pela OMS por pelo menos dois dias consecutivos aumenta a probabilidade de sintomas, agravos e internações hospitalares de doenças cardiorrespiratórias das populações. O informativo ainda destaca que SP, RJ, SC, PR, RS, PB, de modo geral possuem outras fontes de emissões atmosféricas, como industriais e veiculares, e que podem ter ocasionado nas violações dos padrões de qualidade do ar.

Ao todo, durante a semana epidemiológica 34, 1.773 municípios, representando aproximadamente 31,83% dos municípios brasileiros, apresentaram níveis de concentração de material particulado fino superiores ao recomendado pelas diretrizes de qualidade do ar da OMS (15 μg/m³), potencialmente afetando milhões de pessoas. Estima-se que a população potencialmente exposta inclua 6.827.682 crianças de 0 a 4 anos, 36.421.186 pessoas na faixa etária de 5 a 29 anos, 42.781.175 indivíduos entre 30 e 59 anos, e 15.581.931 pessoas com 60 anos ou mais. São Paulo é o município com a maior população expostas, seguido de Rio de Janeiro, Manaus e Curitiba.

Recomendações para a População:

Monitoramento: Acompanhe as previsões meteorológicas e a qualidade do ar.

Hidratação: Aumente a ingestão de água para manter as vias respiratórias úmidas.

Redução da Exposição: Evite atividades ao ar livre em horários de alta poluição e mantenha portas e janelas fechadas. Uso de máscaras do tipo “cirúrgica”, pano, lenços ou bandanas podem reduzir a exposição às partículas grossas, especialmente para populações que residem próximas à fonte de emissão (focos de queimadas) e, portanto, melhoram o desconforto das vias aéreas superiores. Enquanto o uso de máscaras de modelos respiradores tipo N95, PFF2 ou P100 são adequadas para reduzir a inalação de partículas finas por toda a população;

Atividades Físicas: Evite exercícios físicos em períodos de elevada concentração de poluentes.

Orientações Específicas para Grupos Vulneráveis: Crianças, idosos e gestantes devem estar especialmente atentos a sintomas respiratórios e buscar atendimento médico imediatamente se necessário.

 

Fonte: Correio do Povo

Foto: Guia Crissiumal

Postado: Clecio Marcos Bender Ruver
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