Notícia

Polícia - 03/04/2016 - Após dois anos, morte de Bernardo une corrente em busca de justiça


Morte do menino no RS completa dois anos nesta segunda-feira

Com cerca de 25 mil habitantes, Três Passos, situada a 474 quilômetros de Porto Alegre, no Noroeste do Rio Grande do Sul, é uma pacata cidade de interior. As ruas são calmas e silenciosas em grande parte do dia, com exceção da Avenida Júlio de Castilhos, que atravessa o Centro e é uma das principais vias do município, uma das únicas asfaltadas. Por ela passam mais carros do que pessoas, mas a maioria dos motoristas estaciona na faixa de segurança para que os pedestres possam atravessar.

 

A duas quadras dali está a casa da família Boldrini, em uma rua de paralelepípedo pouco movimentada. Ali moravam o médico mais conhecido e respeitado da cidade, Leandro Boldrini, a mulher dele Graciele Ugulini, a filha do casal e Bernardo, que se tornou protagonista de uma triste e trágica história que se espalhou pelos noticiários mundo afora há dois anos.

 

Alguns moradores dizem que o crime colocou a cidade "no mapa do Brasil". Mas apesar de toda a dor, uma corrente por justiça e solidariedade, formada na pequena cidadezinha do interior gaúcho, construiu laços no resto do país. 

 

À época com 11 anos de idade, o menino foi dado como desaparecido. Dez dias depois, seu corpo foi encontrado enterrado em uma cova rasa, envolto em um saco plástico, às margens de um rio na zona rural de Frederico Westphalen, a 80 quilômetros de Três Passos.

 

O crime tornou pública a história da família Boldrini, marcada por desamparo e negligência em relação ao menino, que chegou a ir sozinho ao Ministério Público pedir ajuda e um novo lar. para morar. O pai, a madrasta, uma amiga dela e seu irmão foram presos e atualmente respondem pelo crime, aguardando julgamento.

 

Taxistas que trabalham no ponto da Rodoviária de Três Passos comentam que, não raro, pessoas de cidades vizinhas, inclusive de outros estados, desembarcam no terminal e pedem pelo "famoso endereço". Não há na cidade quem não saiba indicar onde fica a casa dos Boldrini.

 

Os moradores, porém, não costumam falar muito sobre o que aconteceu. Evitam fazer comentários, já que "todo mundo na cidade se conhece". Mas muitos concordam: as circunstâncias do crime chocaram e tudo o que envolve os Boldrini ainda gera muita comoção na comunidade.

 

A residência, que ocupa meio quarteirão, fica entre outras duas moradias. A grama alta no imenso pátio e algumas telhas quebradas denunciam o abandono. "Parece que até tem roupa estendida no varal, lá atrás", comenta uma vizinha, que prefere não se identificar.

 

A piscina, que fica no pátio na parte de trás da casa, frequentemente é limpa por técnicos da prefeitura de Três Passos, para evitar focos de Aedes aegypt. A região Noroeste do estado apresenta alto índice de infestação do mosquito. Afora isso, nada mais foi alterado no lar dos Boldrini desde então.

 

Fonte: G1

Postado: Clécio Marcos Bender Ruver
Vídeos