Leite chega ao fim do ano com alta de 18,8%
O preço médio do leite pago ao produtor em dezembro (referente à produção entregue em novembro) foi de R$ 0,8458/litro, recuo de quase 1% (menos de 1 centavo por litro) frente ao pagamento do mês anterior, segundo pesquisas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. Esse valor representa a média dos estados do RS, SC, PR, SP, MG, GO e BA ponderada com base na produção de cada um segundo apontado pelo IBGE/Pesquisa da Pecuária Municipal. Houve maiores quedas de preços nos estados do Sudeste e Centro-Oeste, onde a produção aumentou com as chuvas. Em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, ao contrário, com a diminuição da captação de leite devido ao fim da safra de inverno, o produto valorizou.
Dados do Cepea mostram que, na média dos 12 meses de 2011, o preço do leite foi de R$ 0,8445/litro, já considerando a inflação até novembro (IPCA). Esse valor representa aumento real de 10% em relação à média de 2010. Porém, em boa parte deste ano, os custos de produção de leite estiveram em índices mais elevados que os do ano passado devido, principalmente, aos preços do farelo de soja e do milho. Com isso, a margem do produtor acabou diminuindo, principalmente no primeiro semestre, destacam pesquisadores do Cepea. O índice de Custo Operacional Efetivo (COE) entre janeiro e novembro ficou, em média, 7% acima do observado no mesmo período de 2010, considerando-se os estados de RS, SC, PR, SP, MG e GO.
Quanto à produção de leite, o Índice de Captação calculado pelo Cepea (Icap-Leite) aponta aumento de 3,2% entre outubro e novembro, puxado basicamente pela safra no Sudeste e Centro-Oeste. Em São Paulo e Minas Gerais, o acréscimo do índice foi entre 6% e 7%; em Goiás, houve aumento de quase 9% na captação média diária de novembro. No Paraná, o índice permaneceu praticamente estável, enquanto que, em Santa Catarina, houve queda de 3% e, no Rio Grande do Sul, de 6,5%.
Comparativamente a novembro do ano passado, o Icap-Leite/Cepea esteve em patamar 0,9% inferior. Considerando-se a soma dos últimos doze meses, houve queda de 2,2% frente ao conjunto de 12 meses anteriores.
No segmento de derivados lácteos, o leite UHT continuou em queda no mês de dezembro devido ao aumento da oferta de matéria-prima e ao início das férias escolares, período em que normalmente há redução das vendas. Segundo levantamento diário feito pelo Cepea, a média mensal do leite UHT no atacado paulista até o dia 26 de dezembro era de R$ 1,73/litro (incluindo frete e impostos), 3% inferior à média de novembro. Esse levantamento tem o apoio financeiro da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) e CBCL (Confederação Brasileira de Cooperativas de Laticínios).
Tendo em vista o período de safra na maior parte das regiões produtoras, 77% dos representantes de laticínios/cooperativas consultados pelo Cepea (responsáveis por 86% do volume amostrado) esperam nova queda de preços para o pagamento de janeiro/12 (referente à produção entregue em dezembro). Para 22% dos entrevistados (respondem por 13% do volume da amostra), deve haver estabilidade de preços, e apenas 1% dos agentes consultados (que representam menos de 1% do volume de leite amostrado) acredita em alta de preços.
AO PRODUTOR – A maior redução de preços em dezembro foi registrada no estado de São Paulo, de 2,6% (ou 2,4 centavos por litro) frente a novembro. A média estadual foi de R$ 0,8969/litro (preço bruto). Em Minas Gerais, houve redução de 2,4% (2,1 centavos por litro), com média de R$ 0,84/litro. No estado goiano, a queda foi de 2,3% (2 centavos por litro), com o litro a R$ 0,8565. No Paraná, houve recuo de 1,9% (ou 1,6 centavo por litro), com o produto a R$ 0,8430/litro.
Já no Rio Grande do Sul, houve aumento de 4,9% (ou 3,7 centavos por litro) frente a novembro, com a média indo para R$ 0,8037/litro. Em Santa Catarina, o reajuste de quase 1% (ou alta de 0,8 centavo por litro) elevou a média para R$ 0,8435/litro. Na Bahia, o acréscimo foi de 1,8% (1,3 centavo por litro), e o litro teve média bruta de R$ 0,7566, a menor dos sete estados desta pesquisa.
Fonte: Cepea
Leite chega ao fim do ano com alta de 18,8%
Renê Gardimbruno Cirillo
O valor do leite pago ao produtor chega ao fim do ano com alta de 18,8% sobre 2010, puxado pelo aumento do custo de produção e do consumo per capita no Brasil. O valor médio de R$ 0,83 por litro deve se manter no ano que vem, com eventuais correções inflacionárias, embora o principal representante do setor espere uma produção, em 2012, 4% a 5% maior do que a atual, graças a insumos mais baratos.
"O custo de produção foi 24% maior neste ano. O produtor não ganhou dinheiro com leite nos últimos doze meses", afirmou o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Leite Brasil), Jorge Rubez.
A mão de obra no setor, os produtos veterinários e os defensivos agrícolas encareceram em 2011, mas a maior pressão sobre a produção de leite veio da valorização do milho e da soja, segundo ele. "Mas a produção dessas commodities está aumentando no Brasil e existe uma crise nos países para os quais elas são exportadas, então já se vê milho e soja mais baratos no mercado interno", constatou Rubez.
A média de crescimento na produção do leite foi de 5% na última década, de acordo com o representante. Em 2011, foi de 3%. A pecuária leiteira do Brasil rendeu 31,6 bilhões de litros do produto neste ano, ante 30,7 bilhões de litros no ano passado. "A explicação está no preço", disse ele.
A somar-se com a relativa baixa na produção deste ano, houve aumento do consumo per capita de produtos lácteos no Brasil. Se em 2010 a população consumia individualmente 61,2 litros de leite por ano, com mais renda, este indicador chegou a 177,7 litros neste ano, fortalecendo a demanda.
Maior déficit
O histórico resultado negativo na balança comercial do leite brasileiro também cresceu. "Produzimos menos, o déficit ficou maior", nas palavras de Rubez. As importações do País vindas da Argentina e do Uruguai somaram US$ 606 milhões em 2011, enquanto as exportações não passaram de US$ 219 milhões (resultado negativo de US$ 387 milhões).
"O Brasil sempre foi importador de produtos lácteos. O grande gargalo para o leite brasileiro lá fora se chama subsídio. Mesmo com o leite mais barato no mundo, o País nunca conseguiu competir com a União Europeia ou com os Estados Unidos por causa das barreiras comerciais", analisou o presidente da Leite Brasil. "O mercado interno é o que nos interessa", afirmou.
Para evitar maiores déficits comerciais, o governo federal impôs tarifas compensatórias para a entrada de produtos lácteos no Brasil. Dependendo da região em que é cobrada, a alíquota do imposto gira em torno de 30%.
Proteína mais barata
A proteína do leite de vaca é a mais barata das de origem animal. Este é o resultado do estudo feito pela Leite Brasil, que comparou os valores de diversos alimentos que contêm esse nutriente. O valor pago a cada 100 gramas de leite é de R$ 0,28.
A proteína de carne bovina é a mais cara, custando R$ 2,18 por cada 100 gramas. Em segundo lugar vem o peixe, com o valor de R$ 2,17 por 100 gramas. Na depois vem a carne suína (R$ 1,09), de frango (R$ 0,56) e ovos (R$ 0,41).
De acordo com Rubez, "todos os produtos de origem animal são importantes para a saúde humana, mas o leite é a opção mais econômica".
O levantamento da Leite Brasil utilizou como base a Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (Taco) e o preço pago pelo consumidor na pesquisa de novembro deste ano do Instituto de Economia Agrícola (IEA), na cidade São Paulo.
A importância da proteína para o ser humano é amplamente difundida pelos profissionais de saúde. O nutriente fornece aminoácidos para formação, o crescimento e manutenção de músculos, ossos, pele, vasos sanguíneos e órgãos; também são importantes na formação de anticorpos e de hormônios.
Segundo a nutricionista Simone Biacchi Prass, os alimentos de origem animal são os mais ricos em proteína. "O leite e o ovo possuem proteína de melhor qualidade entre todos."
Fonte: DCI
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