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Leite - 02/04/2011 - Notícias do Cenário Leiteiro deste sábado


 

Cepea: leite valoriza 3% e agentes acreditam em mercado firme

 

 

Em março, o preço pago pelo leite aos produtores (referente à produção entregue em fevereiro) aumentou 2,9% (ou 2,1 centavos por litro) frente ao mês anterior, indo para R$ 0,7585/litro (valor bruto), conforme pesquisas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. Essa média corresponde ao preço ponderado pelo volume produzido nos estados de RS, SC, PR, SP, MG, GO e BA. O reajuste foi motivado pela menor oferta de leite. Se comparado ao mesmo período do ano passado, o valor médio teve alta de 6%, já descontada a inflação. Em termos nominais (sem considerar a inflação), a alta foi de 12% em relação a fevereiro/10.

Apesar da valorização do leite, pesquisadores do Cepea observam que os preços dos grãos em patamares ainda elevados em fevereiro aumentaram os gastos com alimentação concentrada, principal item nos custos de produção. O poder de compra do produtor de leite frente ao concentrado diminuiu 22% em relação a fevereiro/10, ou seja, para adquirir uma tonelada de concentrado, em fevereiro deste ano, precisou despender uma quantidade maior de leite.

A captação de leite recuou em quase todos os estados da pesquisa do Cepea, com exceção da Bahia, que se manteve praticamente estável. O Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-Leite) registrou queda de 2,6% entre janeiro e fevereiro. A partir deste mês, o volume considerado para o ICAP passa a contar também com dados de Santa Catarina; no total, o Índice abrange, por amostragem, volume captado por laticínios/cooperativas de RS, PR, SP, MG, GO, BA e SC.

A diminuição da oferta de matéria-prima esteve relacionada a adversidades climáticas, que prejudicaram a produção e escoamento do leite em algumas regiões, ao período de final de safra no Sudeste e Centro-Oeste e aos custos mais elevados de produção. A queda do mês mais expressiva ocorreu em São Paulo, de 5,9%. Em Minas Gerais, a redução foi de 1,9% e, em Goiás, de 2,4%.

Além do fundamento ligado à oferta de matéria-prima, os preços de alguns derivados lácteos em alta no mês de março (como leite UHT e queijo muçarela) e a valorização do leite cru no mercado spot podem sustentar ou elevar os preços pagos aos produtores no próximo pagamento. Segundo pesquisa do Cepea, para o pagamento de março, 76,4% dos agentes de mercado consultados (que representam 88,3% do volume de leite da amostra) acreditam em alta de preços. Para 23,6% dos entrevistados (responsáveis por 11,7% da amostragem), deve haver estabilidade. Nenhum dos agentes acredita em queda de preços no próximo mês.

Março - o maior aumento de preços pagos aos produtores em março foi registrado em Minas Gerais, de 4,4% (3,2 centavos por litro), com a média indo para R$ 0,7604/litro. Em Goiás, o preço médio foi de R$ 0,7749/litro, alta de 3,1% (2,3 centavos por litro) e, em São Paulo, de R$ 0,7963/litro (aumento de 2,6% ou 2 centavos por litro). Na Bahia, houve aumento de 3,2% (2 centavos por litro), com a média a R$ 0,6516/litro.

No Sul, o Rio Grande do Sul registrou aumento de 2,7% (1,9 centavo por litro), a R$ 0,7142/litro. Em Santa Catarina o preço médio foi de R$ 0,7599/litro - leve alta de 0,7% ou 0,6 centavo por litro. No Paraná, os preços ficaram praticamente estáveis, com ligeiro recuo de 0,2%, a R$ 0,7495/litro.

 

 

RS: Lableite, da Embrapa, é aprovado

 

 

A cadeia produtiva do leite comemorou a aprovação pelo Ministério da Agricultura do credenciamento do primeiro laboratório público para análise do produto no Rio Grande do Sul. O anúncio foi feito nesta quinta (31), na sede da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Clima Temperado, em Pelotas (RS).

A aprovação do Laboratório de Qualidade do Leite (Lableite), em Capão do Leão, vai facilitar as análises de qualidade do produto, principalmente da região sul do Estado, pois atualmente elas são feitas no laboratório da Universidade de Passo Fundo (UPF).

O secretário executivo do Sindicato das Indústrias de Lácteos do Rio Grande do Sul (Sindilat), Darlan Palharini, afirma que a logística será facilitada. Palharini salienta também a agilidade para respostas de questões sanitárias emergenciais. "O retorno das respostas destas análises será mais rápido. Se tivermos um problema de sanidade de algum animal na propriedade, este retorno é mais rápido. Automaticamente o produtor é comunicado sobre os problemas que estão ocorrendo", avalia.

Para o presidente da Comissão de Leite da Farsul, Jorge Rodrigues, é uma alternativa a mais para o Estado na análise de leite. Ele acredita que a demanda por causa das novas normas de qualidade do produto impostas pela Instrução Normativa 51, que entra em vigor na metade do ano, deve aumentar.

O Lableite funciona desde 2005 e tem a capacidade de fazer a análise de até 30 mil amostras por mês.

 

 

 

Argentina espera ano recorde para setor leiteiro

 

 

Após os fortes investimentos realizados em 2010 pelos produtores de leite da Argentina para ampliar fazendas e melhorar a alimentação, a produção de leite de 2011 poderia crescer em cerca de 400 milhões de litros e voltar a marcar um novo recorde. Em 2010, a Argentina produziu 10,4 bilhões de litros. Agora, se o clima e os preços acompanharem, o país poderia ter, nesse ano, 3% a 5% a mais de leite, passando a valores próximos de 11 bilhões de litros.

"Creio que vamos ter um aumento da produção sobre a base da intensificação feita pelos produtores em 2010 e o crescimento da produção individual de vacas", disse o presidente da DeLaval, Ezequiel Cabona. Em 2010, ano de recomposição dos preços, foram feitos investimentos em infra-estrutura das fazendas, currais, ampliações e melhora genética. Para Cabona, a produção terá um salto de 5%.

Entre 1999 e 2009, a produção de leite na Argentina esteve estancada em 10 bilhões de litros. Desde 2003, esse estancamento se agravou por uma intervenção do Governo nesse mercado e pelo fechamento de aproximadamente 5.000 fazendas leiteiras, devido a baixos preços.

Apesar de as projeções serem positivas, nos últimos meses, voltou a preocupação entre os produtores, porque se freou o aumento dos preços pagos pela indústria. Durante 2010, a matéria-prima subiu 60%, mas, entre agosto e dezembro, houve uma queda e, em um contexto de custos crescentes, os produtores começaram a se preocupar. Somente em janeiro esse valor se recuperou e, entre esse mês e fevereiro, passou de 1,419 pesos (US$ 0,34) por litro para 1,49 pesos (US$ 0,36), segundo o Ministério da Agricultura.

Sobre os custos, um relatório do Comitê de Lácteos do Instituto de Estudos Econômicos da Sociedade Rural Argentina (SRA) revela que, nos últimos cinco anos, os preços não chegaram a compensar os custos. "Durante os últimos cinco anos, a rentabilidade da produção de leite foi bastante afetada, já que, embora as receitas por hectare tenham aumentado em 96%, essas não chegaram a compensar o aumento dos custos totais, que foi de 119%, ambos medidos em dólar. Como resultado, o setor leiteiro passou a maior parte do período de 2006/2010 com margem líquida negativa, o que implica que, durante esse período, o produtor foi comendo parte de seu capital".

Hoje, os produtores de leite não têm compensações, como tiveram em 2008 e 2009. "As compensações outorgadas em 2008 e 2009, no melhor dos casos, chegaram a representar 9% da receita total por hectare. Para os produtores que as receberam, somente conseguiram cobrir 20% da margem líquida negativa desse ano", indicou o trabalho.

 

Postado: Leomar Martinelli
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