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Leite - 14/06/2011 - Expectativa é de em 2015, número de produtores de leite passe de 1,2 milhão para pouco mais de 600 mil


 

 

O setor de lácteos no Brasil parece mesmo tender a uma maior concentração da produção de leite nos próximos anos. A expectativa é de que até 2015 o número de produtores caia 50%, passando do atual 1,2 milhão para pouco mais de 600 mil. Com isso, as médias e grandes propriedades rurais que já dominam o setor com 81% do volume produzido, mas representam apenas 11% dos criadores brasileiros de gado leiteiro, passam a representar mais de 50%. Os dados são da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Leite Brasil).

Em 1996, o número de médios e grandes produtores de leite no Brasil não ultrapassava a casa de 96,9 mil propriedades, ou 5,3% do total. Em 2009 esse volume saltou para mais de 11%, que equivalem a 141,8 mil produtores, ou seja, uma alta de 46% nesse período. Há quinze anos, as médias e grandes propriedades produziam 45,7% do leite brasileiro, montante que subiu para 81,1%, conforme dados apresentados pela Leite Brasil com base em estudo feito pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Gado de Leite).

Segundo Jorge Rubez, presidente da Leite Brasil, esse crescimento das médias e grandes propriedades leiteiras advém da busca por melhora da qualidade do produto e da profissionalização do setor em busca de resultados mais eficientes, reduzindo o custo de produção e ampliando a oferta do produto. "Muitos fatores fazem com que o setor de lácteos se profissionalize. Um deles é que, ao melhorar a qualidade do leite, o produtor pode receber mais por isso, pois as grandes indústrias pagam melhor pelo leite de ótima qualidade. Isso fez com que nós saíssemos desses 5% de 1996 para 11,7% em 2009", garantiu Jorge Rubez.

A tese de Rubez é reforçada pelo estudo desenvolvido pela Clínica do Leite (USP), que em amostras de 32 mil produtores analisadas nos últimos três anos verificou que 35% dos que forneceram a laticínios adequados ao Programa de Valorização da Qualidade tiveram uma melhora considerável de seu produto. Deste universo, 66% alcançaram índices de contagem máxima de microorganismos semelhantes aos da União Europeia, onde se observam os mais exigentes índices de qualidade do mundo inteiro.

O estudo ainda mostrou que o produto recebido pelas indústrias que pagam por qualidade apresentou menor contagem bacteriana em relação ao de outros compradores. Apenas 8% do leite coletado estavam fora dos padrões oficiais no ano passado, enquanto que nos estabelecimentos que não dispunham do programa de qualidade esse número chegou a 25%. Rubez contou que já existe uma medida provisória que na teoria classificaria o leite pela qualidade; entretanto, com a falta de fiscalização e laboratórios para estudos, ela nunca foi obedecida. "Existe a Medida Provisória n. 51, que obriga a propriedade a produzir um leite com determinadas características de qualidade. Só que, sendo sincero, o Brasil está muito aquém de conseguir isso. Aliás, não há qualquer esforço em buscar essa qualidade. As grandes propriedades priorizam a qualidade, mas os pequenos, que não têm como investir em sua propriedade, até porque o leite não é sua atividade principal, nem estão preocupados", disse.

Contudo, Rubez acredita que até 2015 a busca por qualidade será uma realidade no setor, e os produtores que não investirem não terão como comercializar seu leite. Com isso, a expectativa é que o número de propriedades caia do 1,2 milhão visto hoje para 600 mil. "Esse pessoal é muito mais profissional que os pequenos produtores, o que gera uma melhor qualidade. Precisamos fazer um trabalho sério em relação a isso, para aumentar a fiscalização e as cobranças. Acredito que até 2015, se compararmos países que já passaram por uma fase parecida com o Brasil, a tendência é esses pequenos produtores crescerem ou formarem cooperativas", frisou o presidente.

Além disso, o presidente da Leite Brasil acredita que o volume de grandes e médias propriedades passe de 11,7% para mais de 50% daqui a quatro anos, com uma produção acima dos 95%. "Esse movimento representa uma profissionalização do setor, pois quem investe cresce, e quem para no tempo acaba sucumbindo ao mercado, que está cada vez mais exigente", contou ele.

A matéria é de Daniel Popov, publicada no jornal DCI, resumida e adaptada pela Equipe MilkPoint.

 

 

 

IN 51 - A Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural promove hoje às 15h audiência pública para debater a Instrução Normativa 51/02, do Ministério da Agricultura, que regulamenta os novos parâmetros de qualidade para produção do leite, equiparando-os aos parâmetros europeus. A medida entrará em vigor no início de julho. Autor do requerimento para a audiência, o deputado Marcon (PT-RS) diz que a medida significa uma mudança drástica no modelo de produção leiteira do País. Na avaliação do parlamentar, a medida poderá excluir até 85% dos produtores de leite em escala familiar no Brasil, devido às dificuldades para adequar sua produção às novas exigências legais. (Agência Câmara)

 

Entressafra - A região Centro-Oeste do Brasil está na entressafra do leite, época em que a produção cai e o preço ao produtor sobe. O presidente da cooperativa dos produtores Bela Vista de Goiás, João Batista da Paixão Júnior, explica que o preço varia de acordo com a quantidade e a qualidade do produto. Hoje, o máximo é R$ 0,89. Ele diz que o preço é bom, mas, se for feita uma comparação com a entressafra de 2010, o produtor, esse ano, está gastando mais. “Eu acredito que sobrou mais dinheiro para o produtor ano passado do que nesse ano. Esse ano, tudo está mais caro”, afirma. Ainda segundo o presidente da cooperativa, quem complementa a alimentação do gado com ração está gastando 66% a mais com o milho em comparação com o ano passado. Já o farelo de soja subiu quase 40% em um ano. (Globo Rural)

 

 

Postado: Leomar Martinelli
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