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Esportes - 30/01/2011 - De virada, reservas do Grêmio vencem Gre-Nal 384 de Rivera por 2 a 1


Lins saiu do banco para dar a vitória ao time de Roger

 

Às 21h22min deste domingo, 30 de janeiro de 2011, entra para a história o primeiro Gre-Nal além dos limites do Brasil com a vitória do Grêmio por 2 a 1, de virada, pelo Gauchão 2011. Estreante em clássico, o quase desconhecido Lins emergiu do banco para garantir os três pontos ao time comandado por Roger. Guto abriu o placar para os colorados, enquanto Bruno Collaço empatou no início da etapa final. Em Rivera, no Uruguai, distantes 500km dos seus lares, os reservas do Grêmio e os garotos do Inter B, com ajuda de torcidas incansáveis, protagonizaram um clássico cheio de lances perigosos e de alternativas táticas entre Roger e Enderson Moreira.

Faltaram os titulares e um estádio lotado. Sobraram, todavia, emoções em campo e entusiasmo na arquibancada. Mesmo com Grêmio e Inter repleto de reservas, num Atílio Paiva com sete mil torcedores, a máxima se consagra novamente: Gre-Nal é Gre-Nal. Bastam os portões serem abertos para que todas as adversidades, inclusive o impiedoso calor da Fronteira, sejam relegadas a um segundo plano.

Na ausência dos grandes nomes de Grêmio e Inter, os escassos torcedores presentes ao primeiro Gre-Nal fora do Brasil, no Atilio Paiva, em Rivera, se valeram de expedientes externos ao clássico para as tradicionais provocações que antecedem a partida. Os colorados começaram bradando: "Ronaldinho! Ronaldinho!", enquanto os gremistas respondiam com "Mazembe, Mazembe!". Jonas e Kidiaba também foram lembrados pela torcida que, desde o ingresso na arquibancada, soube torcer, provocar e vaiar na medida certa.

Assim que a Márcio Chagas trilou o apito, a empolgação das arquibancadas transferiu-se para o gramado, como que por osmose. Logo aos oito segundos, Maylson fez falta dura em Daniel e levou cartão amarelo instantâneo. Relâmpago também foi o Grêmio no ataque. Aos seis minutos, como um raio, Diego Clementino surpreendeu Massari, invadiu a área e só não foi às redes pela perna direita de Muriel, que pôs a bola em escanteio.

Sintomática, a chance de gol alertava para a superioridade do Grêmio. Aplicado, Roger não se limitou a substituir Renato à beira do campo: o ex-lateral e agora auxiliar mudou o esquema e espelhou o 4-2-3-1 do Inter B de Enderson Moreira. Deu certo. Vindo de trás com velocidade e dribles certeiros, Diego Clementino sobressaiu-se no primeiro tempo, executando função semelhante à de Taison, no Inter campeão da Libertadores 2010.

Com o meio-campo na mão, o Grêmio dominou a posse de bola. No entanto, a pouca eficiência do jovem Wesley privou o time de mais chances. Outra oportunidade no primeiro tempo deu-se aos 26 minutos, quando Rodrigo Moledo cabeceou para trás e traiu Muriel, que, em grande recuperação, espalmou à escanteio. Em menos de meia hora, Muriel deixou para trás um histórico de desconfiança e caiu nas graças dos colorados presentes ao Atilio Paiva.

Atrás de cada goleira, um contingente significativo de torcedores emoldurava o clássico com as músicas marcantes da Dupla. Não foi, no entanto, o suficiente para embalar a gurizada, que caiu de produção na metade final do primeiro tempo.

Pouco produtivo, o Inter só começou a corresponder à incessante cantoria da massa vermelha quando Marquinhos saiu do centro de campo e caiu para o lado esquerdo. Foi dele a cobrança de escanteio até a cabeçada mortífera de Guto, que, em segundos, desmanchou a promissora superioridade gremista no clássico. Um achado, dadas as circunstâncias: o Inter ainda não havia acertado a meta de Marcelo Grohe até o lance fatal, aos 38 minutos.

Instantâneo como passar de Livramento a Rivera, o gol transformou o panorama, e o Inter passou a ser o dono absoluto do jogo. Aos 43, Guto cobrou falta da meia-lua e viu a bola roçar o poste direito de Grohe. De novo pela esquerda, sob comando de Marquinhos, Ricardo Goulart, aos 45, improvisou um peixinho e perdeu nova chance clara.

O primeiro tempo chegava ao fim completamente diferente de como havia começado, assim como a própria origem do clássico: de reservas, fora do Brasil e, infelizmente, com público aquém do esperado, mas com bons lances em campo, num rico duelo tático e cheio de energia oriunda das arquibancadas.

Com o sol escondido e o calor amainado, o segundo tempo começou com mudanças marcantes no Grêmio: sai Vilson, gripado, entra Willian Magrão para atuar no meio. Maylson recuou para a lateral-direita. O 4-4-2 de Renato foi recomposto.

Silenciosa, a torcida do Grêmio era o reflexo do time em campo. Com as alterações, o time buscava o seu novo eixo, enquanto o Inter se defendia, compacto e eficaz. A demora em reagir por parte dos gremistas conseguiu ser mais lenta que o acionamento dos refletores. Só depois de mais de cinco minutos de bola rolando que as luzes caíram sobre o castigado gramado.

E parece que os refletores acenderam o Grêmio por tabela. Aos oito minutos, Maylson cruzou, Weslley cabeceou para milagre de Muriel. Com o gol vazio, Clementino testou a bola no travessão, que encontrou a linha fatal e escapuliu para fora. Logo depois, Mithyuê arriscou de fora da área e jogou para o alto.

Mais do que bons lances, um prenúncio. Aos 13 minutos, Bruno Collaço cobrou falta perto da área. Rasante à barreira, a bola chegou veloz ao gol de Muriel, que, imóvel, viu o Grêmio empatar o Gre-Nal 384. Nascidos em Rivera, os pais de Collaço puderam ver de perto o filho fazer história no primeiro clássico disputado fora do Brasil.

Cinco minutos depois, Adilson só não virou o placar porque Muriel insistiu em usar a perna para operar milagres. A partir daí, a Geral levou a melhor na garganta e viu Willian Magrão perder gol na entrada da área, aos 19 minutos. No contragolpe, aos 23, surgiu de novo ele, Marquinhos, para tentar recolocar o Inter no jogo, como o fizera na primeira etapa. O meia deixou Ricardo Goulart na frente de Grohe, mas o colorado isolou a chance rara. A imperícia  de Goulart foi castigada cinco minutos depois com o oportunismo de Lins. Uma rosca de Nathan deixou o pouco festejado atacante vindo do Criciúma na frente de Muriel: 2 a 1.

O Gre-Nal da Fronteira tem um vencedor, o Grêmio, o time mais ousado, que lançou mão de mais avantes em busca do gol. Na tabela do Gauchão, o Tricoloe alcança 11 pontos no Grupo 2. Já o Inter estaciona nos nove pontos, na Chave 1 do Gauchão.

CLICESPORTES

Postado: Clécio Marcos Bender Ruver
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