Dor nas costas
Uma noite mal dormida, uma sacola muito pesada, um dia inteiro sentado na frente do computador...são várias as situações que fazem as costas entrarem em crise. Não à toa, a dor nessa área do corpo é a principal causa de incapacidade em todo mundo. No Brasil, ela atinge até 13% de toda população e só perde para a pressão alta no ranking das maiores queixas de saúde. Não tem jeito: se você nunca sentiu pontadas na região lombar, tenha certeza que um dia passará por essa chateação. Em primeiro lugar, isso tem a ver com a própria evolução da espécie humana. Há milênios, quando nossos antepassados adotaram a posição bípede e ereta, a coluna vertebral e os músculos que circundam as vértebras sofreram uma série de adaptações que invariavelmente levam a desgastes. O passado dos homens e mulheres das cavernas pode até justificar parte do problema. Mas como explicar que o impacto global das dores nas costas aumentou 50% desde 1990? O principal motivo é que passamos mais de 200 mil anos em pé e, nos últimos séculos, a má postura e o sedentarismo vêm provocando a atrofia dos músculos paravertebrais, o que traz a dor.
Na esmagadora maioria das vezes, a dor nas costas não tem origem definida. Dificilmente conseguimos atribuir uma causa única. Estresse, ansiedade, repouso prolongado e falta de atividade física estão envolvidos, além do histórico familiar, tabagismo, excesso de trabalho, sedentarismo, excesso de peso, depressão e CIA. Em apenas 1% dos casos, é possível identificar uma enfermidade por trás do sintoma. As mais comuns são traumas e fraturas após acidentes, tumores próximos da coluna que crescem e apertam os nervos e a espondiloartrite, grupo de doenças reumáticas de fundo inflamatório. Os serviços de emergência não são exatamente os lugares mais indicados para identificar e remediar as chateações lombares, pelo menos quando pensamos no longo prazo. O objetivo ali é apagar o incêndio momentâneo, mas é preciso fazer algo a mais para que o quadro não volte a atacar. A sugestão é marcar uma visita ao especialista e, a partir de um bom exame no consultório, iniciar mudanças no estilo de vida que vão diminuir a probabilidade de novas pontadas.
De acordo com estudos recentes, entre todos os métodos testados, apenas os exercícios se mostraram capazes de diminuir, isoladamente, o risco de um desconforto lombar aparecer, em 35% para ser exato. E esse número chegou a 45% quando o agito constante foi atrelado a orientações profissionais voltadas para a integridade da coluna. Outra grande virtude dessa pesquisa está na abrangência de exercícios contemplados. Sim, marcaram presença desde práticas focadas na tonificação de músculos profundos do abdômen e que sustentam a base da espinha, como o treino core, até os alongamentos e o condicionamento aeróbico. Conclusão: todas foram bem-vindas. O mais importante é a pessoa escolher uma de que goste ou que possa vir a gostar.
Postado: Leila Ruver
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