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Texto de Opinião - 31/01/2020 - A formação leitora


Por Professora Alini T. H. Centenaro - Graduada em Letras- Português e Literatura

Considerando que a construção leitora é contínua e que a leitura é fundamental para nossa formação e também para o nosso desenvolvimento, tenho observado que muitos alunos não possuem o prazer pela leitura e outros, ainda, acabam por concluírem o ensino básico sem possuírem hábitos regulares de leitura.

Muito já ouvimos sobre a importância da leitura em nossas vidas, como por exemplo, que ela amplia os nossos horizontes, nos leva para lugares diferentes, aprimora nosso vocabulário, nos faz interpretar palavras e ajuda na produção textual. Mas, a leitura não é apenas isso. Ela é fruição estética, é conhecimento que possibilita vivenciar novas experiências, é alimento para nossa alma e instrumento de sobrevivência e defesa para cada indivíduo.

Lajolo, em seu livro “No mundo da leitura para a leitura de mundo”, afirma que “ninguém nasce sabendo ler: aprende-se a ler à medida que se vive”.

Hoje em dia, há uma grande concorrência dos meios de comunicação e as crianças não se sentem motivadas para lerem um livro literário; preferem ficar navegando nas redes sociais. Para nós educadores, é um grande desafio fazer com que as crianças apreciem os livros literários e se tornes leitores regulares. Muitas vezes, o aluno lê um livro pela metade; outros leem poucas páginas e logo desistem; se desmotivam; ou leem apenas quando são cobrados em um trabalho sobre o livro.

Nesse sentido, necessita-se buscar estratégias e continuar incentivando as práticas leitoras. Nas escolas, a leitura deve ser vista como fonte de fruição estética e é preciso colocá-la em um espaço de destaque no processo de aprendizagem, pois de nada adianta conhecer regras gramaticais se não se souber ler com fluência e criticidade.

Segundo a autora Zilberman, na obra “Leitura em crise na escola”, a leitura quando estimulada intervém em todos os setores intelectuais, que dependem para sua difusão, do livro, repercutindo na manifestação escrita e oral do estudante, ou seja, em seu raciocínio e expressão.

Diante desse processo, surge o professor, como mediador e interlocutor da leitura. A escola pode ser uma das responsáveis pela formação de comunidades leitoras, com professores orientando as práticas de leitura, praticando ações de incentivo e possibilitando a imersão dos alunos nesse contexto.

Os pais também têm um papel fundamental na formação leitora de seus filhos. Nos primeiros anos de vida das crianças, já se deve oferecer e deixá-las terem contato com os livros literários, seja lendo histórias clássicas ou contemporâneas, inventando histórias, participando e incentivando a prática leitora. Também durante a jornada escolar, as famílias podem criar hábitos de leitura em suas casas, para que possamos cada vez mais estimular o gosto pela leitura, vista não como uma obrigação, mas sim pelo prazer que ela pode nos proporcionar.

A leitura precisa ser incentivada e mediada, de modo que a criança se sinta confortável, para que possa estabelecer relações entre o texto lido com o seu mundo atual. Cabe também ao professor apropriar-se da leitura e inseri-la de forma satisfatória e interessante ao aluno, pois a leitura instaura um diálogo que proporciona conhecimento e reflexões críticas. Ela precisa ser uma atividade prazerosa ao aluno, para que esse possa desenvolver um senso crítico e uma compressão mais diversificada de mundo.

Para que o prazer da leitura da obra literária ocorra, é preciso que exista um professor leitor, para que esse seja mediador da leitura aos alunos. Segundo Lajolo, a intimidade com os textos torna o professor mais maduro e, de fato, o aprendizado se torna mais abrangente e compreensível. Um leitor assíduo, e que tem intimidade com a obra, adquire habilidades e compreensão, tornando-se realmente letrado.

A autora enfatiza que a leitura de um leitor maduro é mais abrangente do que a do imaturo (aqui se referindo à maturidade de leitor e não aquela garantida constitucionalmente). É a maturidade construída ao longo da intimidade com muitos e muitos textos. Leitor maduro é aquele que a cada nova leitura desloca o seu olhar e altera o significado de tudo o que já leu, tornando mais profunda sua compreensão dos livros, das gentes e da vida. (LAJOLO, 2002).

Assim, tenho observado que a leitura das obras literárias é cada vez mais rara no ambiente escolar, sendo as obras suprimidas por resumos, trechos e atividades em livros didáticos, e grande parte pelo estudo da historicidade dos períodos literários. Acredito que seja necessário fazer com que o educando aproprie-se efetivamente da leitura por meio da experiência estética, para que, assim, a leitura seja algo prazeroso e que faça a diferença em sua vida.

 

Prof.ª Alini T. H. Centenaro

Graduada em Letras- Português e Literatura

Especialista em Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa na Educação Básica

Postado: Leila Ruver
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