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Vera Academia - 30/06/2017 - Coluna Vera Academia dia 30062017


Tabagismo - A guerra não acabou

Os números assustam: o planeta abriga mais de um bilhão de fumantes e marga 6 milhões de mortes relacionadas ao tabaco por ano, com projeção de crescimento para 8 milhões em 2030. Esses são alguns achados de um relatório recentemente publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre os impactos das leis de controle do tabagismo encampadas por vários países. A conclusão do documento não deixa dúvidas: os benefícios na saúde superam de longe possíveis perdas de emprego ou de impostos. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), em 2011, o Brasil gastou 23 bilhões com o tratamento de enfermidades provocadas pelo cigarro, enquanto arrecadou só 6 bilhões com esses produtos. Essa cruzada global contra os maços se justifica quando nos lembramos dos males causados pelo hábito nocivo. Ele é um dos maiores vilões por trás de enfisema, doença pulmonar obstrutiva crônica, tumores, infarto, angina e acidente vascular cerebral. Isso vale tanto para fumantes ativos quanto para os passivos, aqueles que inalam os gases baforados no ambiente. Um total de 600 mil pessoas morrem todo ano por encrencas suscitadas pelo vício alheio, sem colocarem um cigarro sequer na boca. Outro fenômeno que inquieta os cientistas é o fumo de terceira mão. Novos estudos revelam que as toxinas liberadas pelo cigarro ficam impregnadas no cabelo, na roupa, no carpete e nos móveis por até 18 horas após a queima do tabaco e têm um potencial de provocar problemas, especialmente em crianças. Nesse sentido, de nada adianta ir fumar na sacada ou no quintal, pois a família inteira continuará sob risco.

Por mais que se esteja longe de cantar vitória na batalha contra o cigarro, é necessário reconhecer que avanços importantes ocorreram nas últimas décadas. Se, em 1989, 35% da população brasileira fumava, atualmente essa proporção não ultrapassa os 10%. As regras que extinguiram o costume de tragar em lugares fechados também tiveram repercussão. É até estranho imaginar hoje em dia alguém acendendo um cigarro no meio de um restaurante ou dentro de um ônibus. Segundo estatísticas, nos primeiros 18 meses após a implementação da lei, 500 mortes por infarto foram evitadas na cidade de São Paulo. Para aqueles que desejam acabar com a dependência de nicotina, é essencial lembrar que tem tratamento seguro e efetivo. Procurar um médico, como o cardiologista ou pneumologista, eleva em oito vezes as taxas de sucesso e torna factível o sonho de um mundo livre do cigarro. 

Os ganhos de quem vence o vício são inúmeros: em 20 minutos os batimentos cardíacos e a pressão arterial se normalizam, em 12 horas o nível de monóxido de carbono no corpo desce para parâmetros saudáveis, de 2 a 12 semanas a circulação sanguínea e a função pulmonar melhoram bastante, de 1 a 9 meses tosse e respiração entrecortada típicas dos fumantes se tornam raras, em 1 ano o risco de sofrer uma doença do coração cai pela metade, em 5 anos a probabilidade de AVC fica próxima ao de não tabagistas, em 10 anos o perigo de desenvolver um câncer de pulmão despenca em 50% e em 15 anos, as artérias do coração estão tão protegidas quanto as de quem não fuma.

Como doença, o tabagismo deve ser encarado com todas as armas disponíveis. Está aí uma guerra que vale a pena lutar, e sobreviver para contar história!

Postado: Leila Ruver
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