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Texto de Opinião - 30/01/2020 - Um novo olhar: o multiletramento na escola


Por Professora Alini Ticiana Henicka Centenaro -Graduada em Letras- Português e Literatura

Com o advento das TICS (Tecnologias da Informação e da Comunicação) e da grande variedade de culturas presente nas salas de aula, surge um novo conceito a ser observado e utilizado no ensino da Língua Portuguesa. Se de um lado tínhamos um entendimento voltado para o ensino de práticas letradas e dos gêneros textuais, hoje se passa também a observar o conceito e o ensino do multiletramento, ou seja, dos múltiplos letramentos.

O conceito de letramento, diferente de alfabetização, é o conhecimento da escrita inserida nas práticas sociais de comunicação. Já o multiletramento, abrange as múltiplas linguagens nos textos em circulação, incluindo-se os digitais, ou seja, são textos multimodais, que incluem além do verbal, o não verbal, e que exigem a compreensão de cada uma dessas linguagens, por exemplo, escrita, imagem, áudio, cortes, ritmo, efeitos de sentido, etc.

O que muda do letramento para o multiletramento é que antes tínhamos apenas a escrita no papel e a imagem estática acoplada ao texto, como ferramenta de ensino; agora, com as TICS, surgem as linguagens em áudio, os vídeos, o tratamento da imagem, a edição e a diagramação, incluindo-se no ensino da Língua Portuguesa os hipertextos e hipermídias.

Assim, como a linguagem, que é viva e dinâmica, o multiletramento é algo iterativo e colaborativo, essa se utiliza da mídia e da diversidade cultural.

As crianças, nossos alunos, já lidam muito mais facilmente que nós com as tecnologias disponíveis, porém é preciso que aprendam o funcionamento desses modos de se comunicar por escrito.

Observemos o que a BNCC (Base Nacional Comum Curricular), em seu documento norteador, nos traz de novo - o uso das tecnologias em sala de aula. Se antes o celular era proibido em sala de aula, hoje precisamos repensar uma forma de incluí-lo e utilizá-lo no estudo da linguagem, como ferramenta de comunicação interativa, como navegação, pesquisa, filmagem, fotografia, etc., assim incluindo-se os multiletramentos.

Segundo Lemke (1998), a sociedade cobra que as pessoas guiem suas próprias aprendizagens na direção do possível, que os alunos saibam de coisas úteis em práticas

fora da escola, que se tornem pessoas críticas quanto à informação que recebem e que saibam argumentar suas convicções.

Assim, surge o papel do professor em sala de aula, não mais como detentor do conhecimento, mas como mediador, orientador no processo ensino/ aprendizagem; discutindo criticamente os textos que circulam socialmente. Conforme Rojo (2013), “discutindo criticamente as diferentes estéticas, constituindo vários critérios críticos de apreciação dos produtos culturais e globais; aplicando-os nas práticas das linguagens e nas práticas letradas em suas variedades”.

Espera-se transformar o ensino do saber fazer, dos alunos alfabetos funcionais, em alunos que sejam criadores de sentidos, alunos críticos e reflexivos que busquem interpretar os textos que circulam socialmente, incluindo os textos digitais, e que analisem as causas e efeitos, as intenções culturais e seus valores, que interpretem a produção de designs e dos enunciados, que sejam transformadores do mundo.

 

Professora Alini Ticiana Henicka Centenaro

Graduada em Letras- Português e Literatura

Especialista em Metodologias do Ensino de Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica

Postado: Leila Ruver
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