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Educação - 28/12/2016 - A importância da família no processo de adaptação escolar das crianças


Por Marinês Lovani Kunzler

A adaptação escolar não acontece apenas com uma criança que vai à creche ou à pré-escola pela primeira vez, mas sempre que se depara com uma nova etapa de ensino, com a frequência em uma nova turma ou mesmo passando para um novo ambiente escolar. 

 

Se o novo gera insegurança e ansiedade em qualquer idade, na educação infantil, esse processo é ainda mais intenso. Quando as crianças ingressam na educação infantil e essa é sua primeira experiência escolar, elas passam pelo processo de sair da sua zona de conforto, entrando em um novo ambiente, com regras diferentes das costumeiras vivenciadas até o momento em sua casa, participando de atividades incomuns ao seu dia a dia, convivendo com um grupo de adultos e crianças inicialmente estranhos, causando muitas vezes desconforto e dificuldade na sua adaptação, pois é um momento de transição em que as crianças vão se habituando à nova rotina longe dos familiares que até aquele momento são suas únicas referências. 

 

Não existe um tempo certo e determinado para essa transição. Em geral, o período inicial da adaptação dura entre uma ou duas semanas, mas depende muito da criança, da forma como a família reage diante dessa nova situação e das experiências anteriores relacionadas às separações que ela enfrentou na sua vida, por isso algumas posturas podem facilitar a chegada dos pequenos a esse novo universo. 

 

Antes do início das aulas das turmas do pré-escolar, é interessante que a escola faça uma entrevista com os pais ou responsáveis para compor uma ficha com informações detalhadas sobre cada criança. Esse encontro também é uma oportunidade de criar o primeiro vínculo entre o educador, a instituição e a família, passando assim mais segurança aos pais. Nesta conversa é bom questionar sobre as brincadeiras preferidas das crianças, os medos, quem está presente no seu cotidiano, quanto tempo ela costuma passar com os seus pais ou responsáveis, além dos cuidados especiais em relação à sua saúde e alimentação. Com essas informações, fica mais fácil planejar atividades de acordo com os interesses e experiências das turmas e para o educador já ficar ciente da facilidade ou dificuldade da criança se adaptar ao novo ambiente. 

 

O professor deve sempre demonstrar interesse em saber como a criança está ao chegar na instituição, mesmo que ela esteja agarrada ao colo da mãe ou o seu responsável, para criar uma aproximação e transmitir segurança, mas sem forçar uma relação que ainda está sendo criada. 

 

Para que a criança estabeleça um primeiro vínculo, o ideal é que seja sempre recebida pela mesma pessoa, de preferência, o educador da turma. No entanto, aos poucos, é preciso que ela crie consciência de que a escola é um espaço coletivo. Ocasionalmente, o responsável pela recepção pode se ausentar, por isso, é importante que esteja familiarizada com toda equipe que está disponível para auxiliar neste período na escola, para assim se sentir segura, quando este profissional não estiver no ambiente escolar. 

 

Este momento costuma ser regado a choro e negação da separação. Para evitá-lo, alguns pais aproveitam a distração dos filhos para ir embora despercebidos. Cuidado com esse tipo de atitude, pois no momento em que a criança percebe que está sozinha, o choro vem acompanhado de um sentimento de abandono e desespero. 

 

A despedida é fundamental para a adaptação. Por mais difícil e doloroso que seja para ambos, é preciso construir uma relação com os filhos pautada na confiança e na honestidade, por isso é sempre melhor a clareza na hora da despedida, pois ela é mais saudável e se faz necessária. 

 

Se os familiares encararem a entrada na escola como algo positivo, que gera autonomia, crescimento, amadurecimento e ajuda na socialização, será ótimo para todos. Se for vivenciada como culpa pelo abandono, será difícil para ambas as partes. Por isso, é importante que o educador demonstre segurança, confiança de que tudo vai dar certo e conte sempre com o apoio dos familiares da criança. 

 

No ingresso a pré-escola as crianças são geralmente mais espontâneas e possuem mais facilidade em fazer amigos, já se expressam com clareza e tem mais autonomia tornando assim muitas vezes a sua adaptação mais tranquila. Mas é preciso lembrar que se a criança sentir dificuldade em se adaptar a presença dos familiares não deve ser dispensada nos primeiros dias na chegada da escola, podendo assim estes ajudar e auxiliar os pequenos a se ambientar ao local e como sugestão no início deste processo de adaptação, que o tempo de permanência da criança na escola seja por um período menor ao do turno normal de aula durante a execução das atividades, aumentando gradativamente pelo período que for necessário até a criança estar bem tranquila e adaptada. 

 

Para tanto é importante salientar que cada criança reage de uma forma e precisa ter o seu tempo respeitado e compreendido pelos pais e professores. É necessário ocorrer a parceria das famílias juntamente com a escola e sua equipe de profissionais disponíveis para este momento tão importante, onde um vínculo afetivo precisa ser criado e conquistado. 

 

E para isso as famílias precisam estar tranquilos e principalmente confiar no educador e na instituição de ensino que escolheram, tentando cortar um pouco o seu vínculo afetivo com o(a) seu(sua) filho(a), deixando a criança assumir a sua própria autonomia de estabelecer novas relações e descobrir um mundo fantástico e cheio de novos conhecimentos, interagindo junto ao(a) seu(sua) educador(a) e os novos colegas desta turma na escola escolhida e frequentada a partir daquele momento. 

 

Professora Municipal de Educação Infantil na Escola Municipal de Ensino Fundamental Madre Paulina, Graduada no Curso de Licenciatura em Pedagogia e Pós Graduada em Educação: Especialização em Artes Marinês Lovani Kunzler.

 

Foto: Revista Crescer

Postado: Clécio Marcos Bender Ruver
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