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Polícia - 28/11/2012 - Gaúcho associado a Fernandinho Beira-Mar vira traficante internacional com empresa familiar


Natural de Três Passos, no Noroeste, Pingo, 59 anos, foi extraditado há dois anos do Paraguai

 

Carlos Wagner

carlos.wagner@zerohora.com.br

 

Nos anos 1970, entre a multidão de agricultores pobres gaúchos que migrava para as terras ao norte do Rio Uruguai estava Erineu Soligo, o Pingo, um apelido que ganhou nos tempos de piá. 

 

Em busca de uma vida digna para sua família, boa parte dos migrantes fez sucesso na produção agrícola. Mas Pingo se tornou pioneiro no tráfico de maconha para o Brasil. Estabeleceu-se no município de Aral Moreira, na época um amontoado de casas de madeira no oeste do Mato Grosso do Sul, na fronteira com o Paraguai. 

 

Enquanto a soja enriquecia a cidade, Pingo diversificou suas atividades. A venda de cocaína fez dele um homem rico. E a parceria com o traficante Fernandinho Beira-Mar, afamado bandido carioca, o tornou um traficante internacional. 

 

Pingo foi preso em 2010 e cumpre pena no interior do Paraná. Mas os seus descendentes seguem nos negócios, como ficou provado na Operação Grumatã, da Polícia Federal (PF). Eles já haviam sido presos em operações anteriores.

 

Ao contrário de outros traficantes da região da fronteira, Pingo conseguiu montar uma espécie de "empresa familiar" bem-sucedida nos ramos da cocaína e da maconha. Ele tem parceiros na Bolívia e na Colômbia que enviam cocaína pura para o Paraguai. De lá, os seus descendentes distribuem a droga para Brasil, Estados Unidos e alguns países da Europa. Eles também montaram um sistema para financiar agricultores pobres paraguaios no cultivo da maconha, no departamento de San Pedro. 

 

Passei pela primeira vez em Aral Moreira no ano de 1984. Foi quando ouvi o nome do Pingo. Tenho estado por lá de dois em dois anos desde então. Certa vez, em uma cancha de carreira, não encontrei Soligo por uma questão de minutos. Mas conheço os seus filhos, agora presos e temidos na região. Acredito que, mesmo com a prisão deles, a "empresa" siga funcionando. Soligo montou a Dinastia da Cocaína.

 

Operação Grumatã

 

Na manhã desta quarta-feira, foi desarticulada a quadrilha liderada por Pingo, traficante gaúcho considerado pela PF um dos principais fornecedores de cocaína, a partir da fronteira com o Paraguai, para o Rio Grande do Sul. Durante a Operação Grumatã foram cumpridos sete mandados de prisão preventiva e 10 de busca e apreensão no Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso do Sul.

 

Desde janeiro, a Polícia Federal já havia apreendido 108,2 kg de cocaína da quadrilha em Campo Grande (MS), Portão, Bom Princípio, Viamão e Santo Antônio da Patrulha. Após prestarem depoimento para a PF, Pingo e o filho devem ser encaminhados à Penitenciária de Segurança Máxima de Catanduvas.

 

Natural de Três Passos, no Noroeste, Pingo, 59 anos, foi extraditado há dois anos do Paraguai e cumpria pena na Penitenciária Agrícola de Piraquara, no Paraná, no regime semiaberto. Segundo a Polícia Federal, as penas de formação de quadrilha e associação ao tráfico, entre outras, somavam 40 anos de detenção. Mesmo preso, permanecia enviando remessas de cocaína com alto teor de pureza para o Sul.

 

Ele e o filho de 31 anos, preso na operação, são considerados os substitutos de Fernandinho Beira-Mar na conexão do Paraguai com o Brasil para o envio de drogas. A marca registrada da quadrilha na droga é a cabeça de um cavalo, gravada diretamente na cocaína quando é prensada.

 

 

ZERO HORA

 

 

Postado: Leila Ruver
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