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Texto de Opinião - 25/01/2018 - A utilização de jogos no Ensino de Língua Estrangeira


Por Thais Lippert Caneppele, professora da Rede Municipal de Ensino

Quando pensamos ou falamos em jogos na sala aula, não estamos apenas falando em jogar por jogar, mas sim estamos buscando auxiliar o nosso educando a aprender de uma forma mais lúdica, mais prazerosa. Pois sabemos que o Jogo em si é uma forma de motivação, de resgatar valores afetivos entre professor-aluno, aluno-aluno e do aluno com ele próprio. Com base em leituras e estudos podemos dizer que o uso de jogos na aprendizagem é defendido por três diferentes teóricos do desenvolvimento cognitivo: Piaget ,Vygotski e Wallon. Cada um destes três teóricos tem a sua definição para o uso desta técnica nas práticas educativas.

Para Piaget ¨ o jogo possui estreita relação com a construção da inteligência. Ressaltando que o prazer que resulta do jogo espontâneo motiva a aprendizagem. O jogo, enquanto atividade lúdica constitui-se de um caráter educativo tanto na área da psicomotricidade quanto na área afetivo-social, auxiliando na formação de valores como a perseverança, a honestidade e o respeito.¨ Para Wallon ¨ o jogo não deve ter função subordinada a um fim, pois perde a ludicidade que possui. Ele fala sobre o jogo de papai e mamãe no qual as crianças buscam reproduzir a vida do adulto, levadas pela motivação de descobrir o seu corpo e o corpo do outro, procurando reciprocidade. Este tipo de jogo caracteriza a evolução psíquica da criança.¨ (Portal da Educação). Negrine 1995 aponta que para Vygotski se por um lado o jogo trás certa liberdade para a criança, por outro está liberdade é ilusória porque as crianças estão subordinadas ao significado das coisas e desenvolvem seu pensamento abstrato. Durante o jogo ela passa para o campo da realidade aquilo que era uma imaginação e são nos jogos coletivos que elas desenvolvem o controle do seu próprio comportamento e depois se desenvolve o controle voluntário. 

Os jogos podem auxiliar para o processo de formação do conhecimento, participando como mediador das aprendizagens significativas, ao mesmo tempo em que contribui para as atividades didático-pedagógicas durante qualquer aula. O jogo tem o papel de despertar na criança a descoberta e o prazer, sendo ao mesmo tempo uma tradução do contexto sócio-cultural-histórico refletido na cultura, ou seja, as experiências. Embora os jogos sejam, geralmente, associados à diversão não se deve esquecer do seu valor pedagógico, sobretudo no contexto do ensino de Línguas Estrangeiras (LE). O uso de jogos didáticos vem ao encontro de alguns princípios de ensino aprendizagem de Língua Estrangeira sitados por Brown (2007, p. 62-81): ¨O  princípio cognitivo, necessário para um bom desempenho linguístico, sobre tudo oral, encontrará nos jogos um forte aliado, pois em situações lúdicas, a preocupação excessiva com regras e formas da língua, que bloqueia um desenvolvimento espontâneo, é facilmente esquecida. Outro princípio citado pelo autor é a aprendizagem significativa, que também poderá se concretizar com maior facilidade, uma vez que a situação passa a ser real: o aprendiz tem um contexto e uma razão plausível para conectar conhecimentos prévios com informações novas – necessárias ao jogo – e, assim, se apoderar de determinado conteúdo linguístico de forma duradoura.  

Inclusive a realização da conexão língua-cultura poderá ser favorecida por situações lúdicas, pois mesmo jogos conhecidos podem apresentar nuances particulares da cultura da língua alvo. Para auxiliar o aluno a entender melhor essas diferenças, podem-se elaborar jogos que espelhem a maneira de pensar, de sentir ou de agir do povo falante dessa língua. Ou seja, pensar Jogos na Língua Estrangeira, é planejar, pesquisar diferentes formas de trabalhar os conteúdos pensados, afim, de possibilitar ao educando uma forma mais lúdica de aprender os assuntos/conteúdos/vocabulários abordados. 

Contudo temos a certeza de que para propor ao nosso educando o Jogo temos que ter clareza de quais serão os nossos objetivos frente esta atividade. Que jogos utilizados no ensino devem, necessariamente, conter uma meta de aprendizado; definições claras de quais comportamentos fazem ou não parte da atividade, e quais são as consequências desses comportamentos; um elemento de competição entre os participantes (embora não precise haver contagem de pontos); um alto grau de interação, ao menos entre alguns dos participantes; um final definido e na maioria dos casos, um resultado definido (vencedores, perdedores, pontuação).

 

Por Thais Lippert Caneppele, professora da Rede Municipal de Ensino, formada em Língua Estrangeira – Espanhol e Pós Graduada no Ensino de Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa e Literatura.

 

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