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Geral - 20/04/2019 - Presença de agrotóxicos é detectada em água que abastece os municípios da região


Corsan já emitiu nota sobre o caso

Um coquetel que mistura diferentes agrotóxicos foi encontrado na água de 1 em cada 4 cidades do Brasil entre 2014 e 2017. Nesse período, as empresas de abastecimento de 1.396 municípios detectaram todos os 27 pesticidas que são obrigados por lei a testar. Desses, 16 são classificados pela Anvisa como extremamente ou altamente tóxicos e 11 estão associados ao desenvolvimento de doenças crônicas como câncer, malformação fetal, disfunções hormonais e reprodutivas. Entre os locais com contaminação múltipla estão as capitais São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Manaus, Curitiba, Porto Alegre, Campo Grande, Cuiabá, Florianópolis e Palmas.

Os dados são do Ministério da Saúde e foram obtidos e tratados em investigação conjunta da Repórter Brasil, Agência Pública e a organização suíça Public Eye. As informações são parte do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua), que reúne os resultados de testes feitos pelas empresas de abastecimento.

Os números revelam que a contaminação da água está aumentando a passos largos e constantes. Em 2014, 75% dos testes detectaram agrotóxicos. Subiu para 84% em 2015 e foi para 88% em 2016, chegando a 92% em 2017. Nesse ritmo, em alguns anos, pode ficar difícil encontrar água sem agrotóxico nas torneiras do país.

Embora se trate de informação pública, os testes não são divulgados de forma compreensível para a população, deixando os brasileiros no escuro sobre os riscos que correm ao beber um copo d’água. Em um esforço conjunto, a Repórter Brasil, a Agência Pública e a organização suíça Public Eye fizeram um mapa interativo com os agrotóxicos encontrados em cada cidade. O mapa revela ainda quais estão acima do limite de segurança de acordo com a lei do Brasil e pela regulação europeia, onde fica a Public Eye.

Um total de 15 tipos de agrotóxicos foram detectados na água que abastece Crissiumal entre 2014 e 2017. Destes 5 estão associados a doenças crônicas como câncer, defeitos congênitos e distúrbios endócrinos. São eles: Atrazina, Carbemndazim, DDT + DDD + DDE, Diuron e Mancozebe.

Entre os municípios vizinhos, no mesmo estudo, foram encontradas as seguintes quantidades de agrotóxicos: Três Passos 14, Humaitá 0, Nova Candelária (não foi realizado o teste), Horizontina 13, Dr. Maurício Cardoso 0, Sede Nova 14, Bom Progresso (não foi realizado o teste), Boa Vista do Buricá 1 e Três de Maio 27.

*Detecção e concentração de agrotóxicos de 2014 a 2017 de acordo com dados de Controle do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (SISAGUA), do Ministério da Saúde. O mapa foi construído a partir de dados obtidos em abril de 2018 e não reflete atualizações feitas desde então.

Para saber de outras cidades acesse o estudo diretamente no link:

https://portrasdoalimento.info/agrotoxico-na-agua/

 

NOTA DA CORSAN

Sobre matéria publicada nos últimos dias, relacionando a contaminação por agrotóxicos na água tratada, a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) informa que a água distribuída à população nos 317 municípios gaúchos atende rigorosamente a legislação brasileira que determina os parâmetros de potabilidade da água para os sistemas de abastecimento. E ainda que também são monitorados outros 46 tipos em atendimento à legislação estadual (Portaria 320/2014 da Secretaria da Saúde.

A Corsan ressalta que os dados utilizados na pesquisa apresentada foram retirados do Sisagua (Sistema de Abastecimento de Informação de Vigilância de Qualidade da Água para Consumo Humano) e referem-se a amostras de água bruta (ainda não tratada). A empresa informa que, sempre quando é detectado algum agrotóxico na água bruta, é realizada a análise da água tratada correspondente, não havendo histórico de presença  desse agente após o tratamento.

A Corsan e a Associação das Empresas Estaduais de Saneamento (Aesbe) estão pedindo esclarecimentos ao Ministério da Saúde sobre os valores disponibilizados com relação à presença de agrotóxicos na água usada para consumo humano, a fim de não ocorrer interpretação equivocada como ocorreu no material divulgado por veículos de imprensa.

Foto: Guia Crissiumal

Postado: Clécio Marcos Bender Ruver
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