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Vera Academia - 13/04/2017 - Coluna Vera Academia dia 13042017


Crianças conectadas

 

Se até pouco tempo atrás os pais penavam para encontrar a dose ideal de televisão e videogame na vida das crianças, hoje eles ainda precisam incluir tablet, celular e computador na mesa de negociações. Definitivamente é impossível imaginar uma infância livre da influência dos equipamentos eletrônicos. Por isso, os limites recomendados de utilização dessas tecnologias não param de ser revistos, bem como a maneira com que os pequenos deveriam interagir com as telas. Recentemente foi lançado nos EUA um documento que afrouxa um pouco algumas de suas antigas orientações. O primeiro contato com o universo digital, por exemplo, que antes só deveria ocorrer após os dois anos de idade, agora está permitido a partir dos 18 meses, desde que com supervisão e participação ativa dos pais. Já para os mini-internautas entre 2 e 5 anos, a tolerância caiu para apenas uma hora ao dia, antigamente eram duas. Depois, indica-se que a frequência seja personalizada. Os pediatras brasileiros, através de sua associação, lançaram seu próprio guia. A publicação segue, em grande parte, os posicionamentos americanos, mas é um pouco mais rígida em relação aos que ainda usam fraldas, ou seja, afirmam que o ideal é que o contato com eletrônicos não aconteça antes dos dois anos, sobretudo nas duas horas que antecedem o sono e durante as refeições.

Apesar de liberarem com restrições a utilização de telas nessa faixa etária, os pediatras americanos e brasileiros concordam que existem poucos benefícios no hábito, e que os riscos são maiores do que as vantagens educacionais. Até os dois anos e meio, os bebês não conseguem transferir o que veem na tela para a realidade. Portanto, precisam ser ensinados sobre o que estão assistindo para que associem a experiências reais. É assim que o conhecimento se fixa. É um período em que, por causa dos estímulos recebidos do ambiente externo, aumentam as sinapses, ou seja, as conexões entre os neurônios. Os tais incentivos, que podem ser palavras, toques, brinquedos, músicas ou livros, servem como uma espécie de asfalto para a construção  dessas pontes cerebrais, que conectam novas áreas na mente em amadurecimento, como a formação da personalidade e o aperfeiçoamento da linguagem. O tempo que o pequeno passa sozinho, de cara na tela, não ajuda em nada disso. Pelo contrário, dificulta o desenvolvimento da empatia e do autocontrole e a capacidade de lidar com relacionamentos. Quando as crianças abusam do tempo em frente às telas , as crianças ficam expostas ao sedentarismo e ganho de peso, dificuldade de aprendizado, atrasos no desenvolvimento cognitivo, sono prejudicado, ansiedade, hiperatividade, problemas de concentração, falta de noção de espaço e irritabilidade. Então, para garantir que o dispositivo não transforme a criança numa ilha, os especialistas consideram imprescindível, nos primeiros anos de vida, que os pais desbravem com ela os conteúdos oferecidos na tela e na rede.

Fonte: Saúde é Vital, dezembro 2016.

 

Postado: Leila Ruver
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