É seguro, e recomendável, correr
Sim, existe uma alta taxa de lesões entre quem calça tênis e sai dando suas passadas por aí. Mas dá pra baixar muito o risco desses problemas. Até porque o perigoso mesmo é ficar parado. A cada toque do pé com o chão, o corpo de um corredor recebe um impacto que varia de duas a quase cinco vezes o peso dele. Pode ser desgaste do joelho na certa, só que não. Correr de forma recreativa na verdade protege essa e outras articulações. O que faz mal para elas é o sedentarismo.
Em uma pesquisa recente publicada na Espanha, constatou-se que, enquanto 10,2% dos amantes do sofá reclamaram de dores nos joelhos ou quadris ao longo dos anos, somente 3,5% dos corredores amadores manifestaram o problema. Contudo, o pior resultado foi o dos atletas. Não menos do que 13,3% ficaram com as juntas rangendo. O recado é de permanecer ativo sem se exceder.
Antes de se falar em limites, cabe reconhecer os préstimos da corrida. Ela promove adaptações positivas na cartilagem, nos ligamentos, nos tendões e nos ossos. É como se essas estruturas precisassem de movimento para se manter saudáveis. Dar umas voltas no quarteirão também fortalece os músculos dos membros inferiores, nossos amortecedores naturais. Se um tênis esportivo absorve 3% do impacto de uma passada, o quadríceps, músculo anterior da coxa, segura 66%. E, claro, suar a camisa queima calorias, o que afasta a obesidade, uma das principais causas da artrose.
Mas, se esse esporte é benéfico para várias estruturas, o que explica que dois terços dos corredores se contundem em um ano? A resposta é a completa falta de planejamento, pois boa parte dos praticantes nem sequer pensa sobre frequência, intensidade e evolução dos treinos, ou seja, tem muito amador correndo que nem profissional. E, quando se queima a largada, seu organismo vai protestar. Os movimentos da corrida não são especialmente danosos, ao contrário do que se imagina. As lesões costumam vir de uma sobrecarga inadequada.
Outra coisa, é preciso valorizar o repouso. O descanso é o treino silencioso. Nesse período, o corpo repara seus tecidos e se adapta às demandas da atividade física e, quanto mais suor, mais sossego será necessário depois.
A corrida promove inúmeras vantagens para o sistema cardiovascular: reduz a pressão arterial, baixa o colesterol, controla a glicemia. Só é bom evitar extremos e consultar um médico para ver se há alguma condição que exija cuidados especiais. Mas atenção: cuidados especiais não significam proibição, até porque, hoje em dia, a sala de ginástica integra o tratamento de várias doenças. Portador ou não de um problema de saúde, tenha-se a certeza de uma coisa: o sofá é bem menos confortável para o corpo do que parece.
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