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Texto de Opinião - 07/08/2019 - Avaliar de forma igual um público desigual


Por Luiza de Rosso

Dentre várias situações de questionamento na vida docente, uma é constante companheira de inquietações e dúvidas, a avaliação. Como avaliar? De forma homogênea, mesmo se a turma é sempre heterogênea (obviamente)? Posso dar a mesma avaliação quando cada um tem um ritmo próprio de aprendizagem? Bom, uma coisa é certa: “somos” um professor para mais de 20 alunos, portanto é uma forma de passar o conteúdo e de se expressar para levar o conhecimento e mediar a aprendizagem. Mas, contudo, precisamos entender que na hora de avaliar, precisamos ter a sensibilidade e o discernimento de respeitar as diferentes formas de aprendizagem e condições que cada um tem para alcançá-la. Contradizendo esta opinião, haverá a afirmação de que as provas profissionais, ou acadêmicas, são padronizadas e que não haverá nenhum tipo de avaliação diferenciada (exceto as amparadas por lei vigente/ cotas) e que o indivíduo, independentemente das possibilidades e da vontade que teve durante a vida escolar, será avaliado da mesma forma. Neste momento, nós professores, nos deparamos com a constante dúvida de como avaliar nosso aluno. Pensamos nele como sujeito único e respeitamos suas individualidades ou apenas como mais um em meio à multidão disputando seu espaço social e profissional?

Os defensores da meritocracia como única forma de avaliação e compensação, muitas vezes não levam em conta o amparo financeiro e familiar que se uns se sobressaem aos outros. Avaliar de forma igualitária nossos alunos, não levando em consideração as condições econômicas, afetivas e cognitivas, acredito que é muito injusto, e é discurso defendido por protegidos e privilegiados. É certo que devemos valorizar o esforço e a dedicação de todos,  independentemente da classe social ou poder aquisitivo, porém, não podemos esquecer que se dedicar e se esforçar em um ambiente rico de informações e possibilidades cognitivas, focado na aprendizagem e que dá alicerce para os objetivos escolares, é bem diferente e superior daqueles que a prioridade, antes de qualquer coisa, é prover os alimentos,  a moradia e  a segurança, e que tais responsabilidades muitas vezes são divididas  com todos, inclusive com a criança e/ou o adolescentes, sendo bastante  otimista, pois inúmeras vezes, nem sequer a devida segurança e alimentação muitos provêm aos seus dependentes. 

Com todas essas verificações acerca do “avaliado”, portanto, cabe ao “avaliador” ter a sensibilidade, o discernimento e o conhecimento perante a situação. E dentro de cada contexto, verificar a possibilidade de um olhar individual e nunca deixando de ser motivador e incentivador a superar seus limites e dificuldades. Mesmo sabendo de várias opiniões divergentes sobre o assunto, e de que o mundo profissional avalia de forma única, como profissional da educação, reitero minha opinião de que devemos observar e avaliar o aluno da forma mais individualizada possível, isso não significa dar avaliações/ provas/ trabalhos  diferentes, mas de entender as possibilidades de como estes foram desenvolvidos e quais foram os amparos cognitivos e emocionais que cada um tem para desenvolvê-los. Preservo a opinião de solidariedade e compreensão, manifesto aos meus educandos todos os dias, o pensamento de empatia e compaixão, sendo assim considero minha participação na formação de nossos jovens e na construção de uma sociedade mais justa e solidária. 

Luiza de Rosso

Professora de Língua Portuguesa da Rede Estadual e Municipal de Ensino 

07 de agosto de 2019

Postado: Leila Ruver
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